Agente penitenciário do Amapá que matou o primo se apresenta

Anderson Luiz Dias disse em depoimento que agiu em legítima defesa e que não reconheceu a vítima no momento da discussão
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RODRIGO INDINHO

O agente do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen) acusado de tirar a vida do primo na madrugada de domingo (23), nas proximidades do Parque do Forte e do Mercado Central de Macapá, no Centro, se apresentou na manhã desta segunda-feira (24).

Anderson Luiz Dias, de 38 anos, chegou às 9h da manhã, acompanhado de dois advogados, Renan Ribeiro e Reginaldo Andrade, e do presidente do Sindicato dos Agentes e Educadores Penitenciários do Amapá (Sinapen), Edno Santa Rosa Bentes.

Marcelo Brito da Silva foi baleado na região do abdômen Foto: reprodução/rede social

Após o agente prestar depoimento de mais de 1h, o delegado Wellington Ferraz confirmou que ele será indiciado por homicídio qualificado por motivo fútil e pela impossibilidade de defesa da vítima.

“Por ora, ele está em liberdade. Porque não estava preenchendo os requisitos da prisão em flagrante, mas a polícia irá trabalhar em cima da prisão temporária ou preventiva dele ao longo dessa semana e acreditamos que o judiciário irá acreditar no trabalho policial e decretar a prisão”, disse o delegado.

Delegado Wellington Ferraz (Decipe): agente foi indiciado Foto: Rodrigo Indinho

Ferraz informou ainda que foi revelado que outra pessoa estava com Anderson Luiz no carro no momento do crime e que a arma de fogo usada por ele foi apresentada e apreendida.

O agente penitenciário será ainda submetido a exame toxicológico na Politec, para saber se usava substância psicoativa. 

Anderson Luiz Dias responderá por homicídio por motivo fútil Foto: reprodução/rede social

Testemunha

Abalados, familiares e amigos da vítima estiveram no Ciosp em busca de justiça e falaram com o portal SelesNafes.comUm dos amigos de Marcelo Brito Silva deu detalhes do que teria ocorrido. 

“Marcelo atravessou a rua para falar comigo. Na travessia, a pessoa que tirou a vida dele ia passando, aí quase o atropela. Então, a vítima falou ‘pow,cara, tu quase me atropela’, daí ele já puxou a arma e começou a atirar na nossa direção, minha, dele, da minha mulher e das pessoas que estavam próximas”, disse o amigo, que não quis se identificar.

Arma usada foi apresentada e apreendida Foto: Rodrigo Indinho

Segundo a versão, a esposa de Marcelo, que está grávida, estava do outro lado da rua. O amigo confirmou também que, depois de atirar, Anderson teria saído tranquilamente.

“Foi uma barbaridade o que fizeram com ele. A pessoa não pode se divertir que está sujeita a isso. Deixou uma filha de 4 anos e a esposa grávida no Natal. A família poderia estar junta, agora fica a tristeza”, lamentou a testemunha.

Esposa

A esposa da vítima, muito abalada, pediu que a justiça seja feita e que o agente seja preso. 

“Ele é pai e sabe a dor que a minha filha está sentindo por não ter mais o pai dela do lado. Gostaria de perguntar pra esse senhor, como ele se sente sabendo que tirou a vida de um pai de família e de uma própria pessoa da família dele”, desabafou chorando a esposa de Marcelo Brito.

Edno Santa Rosa: sindicato presta apoio jurídico e psicológico ao agente Foto: Rodrigo Indinho

Defesa

O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, Edno Santa Rosa, explicou que a entidade está dando apoio jurídico e psicológico ao servidor, após ter sido procurado por ele e contou a versão apresentada por Anderson Luiz Dias.

 Ele relatou que ia passando no perímetro da Yamada, no Mercado Central, e o carro dele foi atingido por um objeto não identificado, que supostamente seria uma lata de cerveja e que trincou o para-brisa do carro dele. Foi então que parou o carro, e logo em seguida viu se aproximar um pessoal e como ele é um agente penitenciário, e a gente é muito visado no meio do crime, ele ficou receoso, puxou a arma e deu dois disparos de advertência pra baixo. Depois ele deu mais um e foi embora”, disse o representante da categoria.

Advogado Renan Ribeiro: agente e vítima não se reconheceram Foto: Rodrigo Indinho

Já o advogado do sindicato, Renan Ribeiro reforçou a tese que o agente agiu em legítima defesa e que o caso se trata de uma fatalidade.

“Nunca existiu inimizade entre as partes, no momento da fatalidade, ambos não se reconheceram. Que sejam resguardados os direitos dele como cidadão e os direitos da família da vítima”, falou.

Anderson Luiz Dias deixa o Ciosp após depoimento Foto: Rodrigo Indinho

Seles Nafes
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