Rede fará levantamento de abuso contra menores na fronteira

Estado ainda não tem padrão de notificação para esse tipo de violência
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ANDRÉ SILVA

O Amapá não possui registros exatos de quantas crianças e adolescentes foram exploradas sexualmente na região fronteiriça de Oiapoque, no norte do Estado, a 590 quilômetros de Macapá. Para tentar mensurar esta situação, está sendo instalada uma rede para o enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes. A primeira reunião de articulação para a criação do grupo aconteceu na tarde desta segunda-feira (26), em Macapá.

A instalação da rede está sendo articulada pelo Instituto de Assistência a Criança e ao Adolescente Santo Antônio (Iacas). A instituição é ligada ao Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), que tem o aval do Ministério dos Direitos Humanos e da Unicef. Os trabalhos no Amapá são acompanhados pelo Fórum Estadual do Direito da Criança e Adolescente.

Lucinete Tavares: imprecisão sobre informações Foto: André Silva

Segundo a coordenadora do Fórum, Lucinete Tavares, a ausência de diagnóstico sobre a situação se deve à falta de um padrão de notificação para esse tipo de violência. O Amapá registrou de janeiro a fevereiro deste ano, segundo a coordenadora, 28 casos de abuso sexual.

“Mas de onde são e quem são essas meninas e esses meninos que são explorados? A gente não sabe se é da fronteira ou não. São muitas informações fragmentadas. O objetivo da construção dessa rede é poder fazer com que a gente possa construir esse diagnostico”, explicou a coordenadora.

Lucinete Tavares disse que em 2017 quase 400 crianças sofreram abuso sexual no Amapá. De janeiro a outubro deste ano, a polícia passou a investigar 500 casos de estupro.

Fórum teve primeiro encontro nesta segunda-feira (26) Foto: André Silva

Nos próximos dias, a representante do Conanda, Amanda Cristina Ferreira, estará no Estado promovendo a instalação da rede. Ela vai até Oiapoque onde serão promovidas oficinas e rodas de conversa. Cristina diz que a principal dificuldade ainda é fazer as pessoas denunciarem o abuso.

“A partir do momento que as pessoas denunciam, fazem essa roda girar. A roda girando nós teremos dados mais precisos”, falou.

A instalação da rede passa por três etapas. A primeira consiste no levantamento de dados, a segunda é uma oficina na fronteira com todos os atores da rede e o último é um encontro internacional que vai discutir os protocolos de atenção às vítimas.

Foto de capa: Polícia Civil do AP/arquivo SN

Seles Nafes
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