“Minha fé foi abalada”, revela mãe de garoto assassinado aos 15 anos

O filho de Cláudia Conceição, que era menor aprendiz numa empresa de ônibus, foi assassinado durante assalto. Mesmo não reagindo, levou 4 tiros
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Por SELES NAFES

Poucas mães experimentaram uma dor tão profunda a ponto de questionar a própria fé em Deus, como foi o caso da dona de casa Cláudia Conceição Ribeiro Rocha, de 46 anos.

Em 2014, um dos quatro filhos dela, que tinha apenas 15 anos, foi assassinado a tiros durante um assalto na empresa onde ele estagiava como “menor aprendiz”, na zona norte de Macapá. O assassino, que continuou praticando crimes, foi preso por outro roubo, ontem (13).

No dia 10 de dezembro de 2014, Anderson da Silva Albuquerque era menor de idade quando ele e dois comparsas invadiram a sede da empresa de ônibus Amazontur, no Bairro Novo Horizonte.

Jairo Pereira Rocha Júnior, de 15 anos, membro do grupo de Desbravadores da Igreja Adventista, estava na empresa em sua rotina normal. Eram 17h,

“Ele tinha saído do almoxarifado para avisar que um ônibus que ia para a estrada já estava pronto, e quando ele saiu da sala (onde deu o aviso) ele se deparou com os três assaltantes entrando”, lembra a mãe.

Quando os funcionários perceberam que um assalto estava andamento, fecharam a porta e deixaram o menor do lado de fora da sala junto com os criminosos. Armado, Anderson Albuquerque mandou que o garoto abrisse a porta. Ele ainda tentou, mas, quando não conseguiu, isso irritou o assaltante.

“Ele bateu duas vezes na maçaneta, mas a porta estava trancada. Foi aí que ele (Anderson) atirou à queima roupa no meu filho. Foram quatro tiros. Um tiro atravessou as costas e se alojou no abdômen, outro entrou rasgando a costela dele. Um acertou um braço e o último o fêmur”, descreve.

Anderson foi preso na quarta-feira (13)…

…nunca parou de cometer crimes

…e no grupo de Desbravadores da Igreja Adventista: Futuro interrompido

O adolescente ainda foi socorrido com vida, mas faleceu quatro dias no Hospital de Emergência de Macapá. A família disse que houve negligência no atendimento, e chegou a fechar a Avenida FAB, no Centro de Macapá, quando Anderson Albuquerque foi libertado. Antes de morrer, o adolescente chegou a reconhecer os assaltantes, todos menores de idade.

Um dos comparsas, conhecido como “Manteguinha”, morreu num confronto com a polícia meses depois. Como era menor de idade, Anderson Albuquerque cumpriu apenas dois meses no Cesein por “ato infracional análogo a homicídio”, e continuou na vida de crimes. Essa “pena”, no entanto, foi cumprida apenas em 2018.

Anteontem (13), Anderson Albuquerque foi preso novamente, desta vez no município de Santana, cidade a 17 km de Macapá, acusado de roubar uma moto. Ele foi encaminhado para a audiência de custódia, e foi transferido para o Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen) pode ter um mandado de prisão em aberto também por assalto.

Parentes protestaram após a libertação dos envolvidos

Na época do crime…

… e agora: “Sem Deus eu não conseguiria sobreviver”

Hoje, a dona de casa revela que vive um dia de cada vez, e admite que chegou a quase perder a fé com a morte do filho que tinha um futuro promissor.

“Passei muito tempo com a minha fé abalada, a ponto de pensar em tirar a minha própria vida. Fiquei doente, com pressão alta e diabetes. (…) Perdi um pedaço do meu coração. (…) Mas eu vi que sem Deus eu não conseguiria sobreviver. (…) O irmão caçula que ele (Jairo) sempre levava à escola não conseguiu se adaptar, tinha medo de tudo, da escola. (…) Estamos sobrevivendo, mas ainda dói demais, em mim e em todos”, diz a mãe.

Ouça na integrada o relato de Cláudia

 

Seles Nafes
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