Amapá quer reduzir acidentes de trabalho causados com uso de material biológico

Os dados foram apresentados discutidos durante o 6º Encontro da Rede Nacional de Atenção à Saúde do Trabalhador (Renast Norte), sediado em Macapá. Nei Monte, da SVS do Amapá, apresentou e debateu os dados
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

O Amapá tem conseguido reduzir e controlar o número de acidentes de trabalho considerados graves nos últimos seis anos. Por outro lado, no mesmo período, houve um certo destaque desses sinistros na área da saúde, sobretudo no setor público.

Os dados foram apresentados discutidos durante o 6º Encontro da Rede Nacional de Atenção à Saúde do Trabalhador (Renast Norte) – que está sendo realizado em Macapá, no Museu Sacaca, desde a quinta-feira (9).

O evento, que prossegue até esta sexta-feira (10), reúne representantes de órgãos ligados à saúde de todos os estados da Região Norte e abrange os trabalhadores formais, informais, públicos e da iniciativa privada, com foco principal no trabalhador informal, por conta de sua condição mais vulnerável.

Superintendente de Vigilância em Saúde do Amapá, Dorinaldo Malafaia. Fotos: Nathan Zahlouth/SVS

De acordo com o coordenador do Núcleo de Vigilância em Saúde do Trabalhador da Superintendência de Vigilância em Saúde do Amapá (SVS), Nei Monte, as notificações de acidentes graves reduziram 322% nos últimos seis anos. Em 2013 foram registrados 1124 casos e em 2018, 349 acidentes. Neste meio tempo a maior incidência aconteceu em 2015, quando 542 casos foram notificados.

Ana Flora, superintendente de Vigilância em Saúde do Estado de Rondônia, ressaltou a importância do foco na atenção primária e na prevenção.

“Se você observar, em Rondônia, e imagino que aqui também e em todo o Brasil, nós temos hospitais com os corredores lotados. Eu posso garantir que boa parte dos casos estejam ligados à acidentes de trabalho. Por isso, encontros como esses são importantes, porque trocamos experiências de estratégias e casos que às vezes ocorrem de forma parecida e um estado já chegou à soluções mais apropriadas”, disse a gestora.

Já as notificações dos acidentes de trabalho com material biológico, segundo estatística da SVS, o número apresentou crescimento preocupante nos anos de 2016 e 2017, quando 198 e 192 acidentes foram registrados, respectivamente, nas unidades de saúde do Estado. Contudo, nos outros anos as notificações se mantiveram em torno de 135 casos.

Para a técnica em Segurança do Trabalho, Alcemira Magave, o salto da estatística no segmento da saúde ficou mais evidente em razão da redução dos postos de trabalho no Estado, evento que fez reduzir as incidências na Construção Civil.

“Em geral, a Construção Civil é onde ocorrem a maioria dos acidentes. Com a crise econômica, que atingiu em cheio o setor da Construção, houve a redução de postos de trabalho e consequente queda no número de acidentes. Isso fez com que as notificações na saúde, onde houve menos reduções de postos de serviços que na construção, ficassem mais evidentes, mais destacadas. Claro que isso não tira a responsabilidade das autoridades em tomar medidas técnicas para a mitigação desses índices indesejáveis”, analisou a profissional.

O superintendente de Vigilância em Saúde do Amapá, Dorinaldo Malafaia, anfitrião do encontro, destacou que um grande passo do Estado para avançar em políticas de prevenção foi a separação da Secretaria de Saúde, que anteriormente englobava o órgão.

“Agora, com o desmembramento e a criação da SVS houve uma qualificação no nosso atendimento. Pudemos adiantar campanhas de vacinação, reduzir os índices de endemias, e agora também poderemos avançar sobre a prevenção e atenção na saúde do trabalhador, especificamente. A SVS há pouco tempo foi criada e nós iniciamos um processo de estruturação para integrar as vigilâncias em saúde do trabalhador, laboratorial, epidemiológica, sanitária e ambiental. O objetivo é garantir a autonomia financeira e de gestão para avançarmos na promoção da saúde para nossa população”, destacou o superintendente.

Carta de Macapá

Os debates nos dois dias de encontro resultarão em uma carta pública para a Rede Nacional de Atendimento ao Trabalhador.

Intitulado Carta de Macapá, o documento conterá os desafios que a Região Norte enfrenta e apontará as expectativas que os signatários têm para a saúde no trabalho nos próximos anos.

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