PM do Amapá não teria apreendido os celulares e a Polícia Técnica não fez a perícia em todas as armas envolvidas no tiroteio entre PMs e bandidos
Compartilhamentos
Por SELES NAFES
A Polícia Civil do Amapá tem mais um crime de homicídio para resolver no município de Santana, cidade a 17 km de Macapá, mas desta vez o caso é diferente. A vítima, uma idosa de 79 anos, foi morta por uma bala perdida disparada durante uma troca de tiros entre policiais miliares e suspeitos em fuga. A polícia ainda apura se o empresário vítima do furto também atirou.
O crime ocorreu no início da noite do último sábado (25), no Bairro da Piçarreira. Em relatório apresentado à Polícia Civil, o cabo do 4º BPM que comandou a operação disse que a equipe tinha sido avisada de um roubo em andamento na Rua Deodoro da Fonseca, e que os suspeitos estariam numa Montana preta.
Rapidamente, os policiais avistaram a Montana suspeita e tentaram interceptar o veículo ainda na Rodovia Duca Serra, mas um dos passageiros fez um disparo em direção à viatura.
Houve revide e perseguição até o Bairro da Piçarreira, onde os ocupantes foram presos. Só depois é que os policiais perceberam que Maria Santana de Lima havia sido baleada. Ela estava na frente de casa quando os policiais e os bandidos passaram durante a perseguição, e morreu ainda no local.
Local onde ocorreu o tiroteio e a morte da idosa. Fotos: Olho de Boto
Na delegacia, a PM apresentou um revólver calibre 38 com uma munição deflagrada e os objetos do furto apreendidos. Apesar da morte, eles foram apresentados na delegacia somente por furto dos 400 quilos de alimentos e R$ 400 em dinheiro.
Falhas
Na audiência de custódia, já no domingo (26), o juiz plantonista Roberval Pacheco entendeu que não houve a tipificação dos crimes, “uma vez que houve uma morte que depende da identificação do autor”.
O magistrado concordou com o promotor de justiça que alguns procedimentos não foram realizados, como o exame residuográfico (para atestar quem atirou), a apreensão dos celulares e perícia nas armas de todos os envolvidos, incluindo os policiais militares.
Roberval Pacheco mandou soltar os suspeitos, mas eles ainda responderão ao inquérito criminal.
Tenente Annie Monteiro, chefe de comunicação da PM: laudo vai indicar
Incompatível
A Polícia Civil, no entanto, informou que a arma apresentada pelos policiais é incompatível com os ferimentos provocados na vítima.
“As lesões na mulher eram de arma muito pesada. Calibre 12 ou carabina, com certeza. Houve o esfacelamento, e não tem como ser da arma que eles apresentaram, um revólver velho, enferrujado”, comentou um dos investigadores.
O delegado do caso teve acesso às imagens da perseguição, e apura se o empresário também teria atirado contra os criminosos após o assalto, como informaram algumas testemunhas.
A chefe de comunicação social da PM do Amapá, a tenente Annie Monteiro, informou que os policiais chamaram o socorro de urgência, assim que souberam da vítima.
“(…) Deve sair o laudo nesses dias para apontar qual teria sido o autor do disparo que vitimou a senhora Maria de Lima. Seja qual for o resultado a Polícia Militar lamenta a morte dela, que não estava envolvida”, comentou a oficial.
