Cacique morto foi emasculado, diz PM

Comandante da PM afirma que ainda não houve conflito generalizado entre os índios e os garimpeiros, e que morte tem característica de vingança
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Por SELES NAFES

O comandante da Polícia Militar do Amapá, coronel Paulo Mathias, informou neste domingo (28) ao Portal SelesNafes.Com que o cacique morto, supostamente por garimpeiros, foi emasculado. O homicídio ocorreu em terras Waiãpi, a mais de 100 km da sede do município de Pedra Branca do Amapari.

O índio morto não teve o nome divulgado. Ele foi assassinado no início da semana passada. Os índios Waiãpi, que tem população estimada em cerca de 1,2 mil pessoas na região, afirmam que a morte foi provocada por garimpeiros.

Os invasores seriam pelo menos 50, estariam usando roupas camufladas e metralhadoras. Lideranças indígenas relatam que o grupo estaria acampado perto da última aldeia da região, a Mariry.

Oito policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM do Amapá e quatro da Polícia Federal estão na região desde o início desta manhã. Eles confirmaram ao comando da PM o homicídio do indígena, que teve parte do órgão genital retirada.

“Tem também várias perfurações de faca na região pélvica (abaixo da barriga) e retiraram o saco escrotal. Parece que houve uma situação de vingança. Quando retiram uma parte do corpo dessa forma geralmente é para dar um aviso”, explicou o comandante da PM.

“Existem garimpeiros naquela área, e as vezes de comum acordo com os próprios índios. O relato da equipe é de que não invadiram a aldeia e mataram o índio nessa invasão”, acrescentou.

Paulo Mathias, comandante da PM: morte teve característica de vingança. Foto: Olho de Boto/Arquivo SN

Local remoto

O local onde os índios alegam que estão os garimpeiros é de difícil acesso. Depois de chegar na aldeia Aramirã, a primeira e mais populosa da região, os policiais seguiram mais 45 minutos de carro até um rio, onde pegaram uma voadeira para outra viagem de pelo menos 3 horas até o acampamento garimpeiro.

“Se tive alguém lá vamos retirar”, avisou.

O comandante Paulo Mathias também esclareceu sobre uma suposta segunda morte de um indígena.

“Ele estava desaparecido há três dias, mas porque estava bebendo. Já apareceu de novo na aldeia”.

Ação de vacinação da SVS no ano passado; Waiãpis são mais de 1,2 mil. Foto: Júlio Miragaia

A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que acompanha os fatos, e que deslocou servidores para a região.

“A Polícia Federal, assim como o BOPE, está a caminho para apurar o ocorrido. Por ora não há registros de conflito, apesar de ter sido confirmado um óbito, mas não há detalhes das circunstâncias”.

Moradores relataram ao Portal SelesNafes.Com que um garimpo clandestino vem funcionando dentro das terras indígenas há vários meses, com o aval dos índios.

A área Waiãpi fica a cerca de 100 km da sede do município de Pedra Branca do Amapari, no fim da BR-210, região central do Amapá.

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