Por OLHO DE BOTO
A Polícia Civil do Amapá deve concluir em poucos dias o inquérito sobre a morte brutal do casal Rudivaldo Queiroz de Almeida e Erika Pinheiro do Nascimento, achados mortos no último dia 14 de julho em um sítio no Ramal do Piaçacá, a 2 km da BR-156 (trecho Sul). A polícia trata o caso como latrocínio.
O crime chocou a comunidade amapaense, principalmente pela popularidade de Ruy, como Rudivaldo Queiroz era conhecido na vida profissional, no setor de saúde, onde trabalhava como técnico em enfermagem.
Os principais suspeitos do duplo homicídio são o caseiro do sítio de Ruy, o jovem Jefferson Araújo da Silva, de 18 anos, e a namorada dele, uma adolescente de 16 anos. Eles foram detidos na manhã sábado (20), por agentes da 1ª Delegacia de Santana, município onde as vítimas residiam, a 17 km de Macapá.
Os jovens foram cercados pelos policiais na casa da mãe de Jefferson, no bairro Fonte Nova, na periferia do município de Santana. O delegado Victor Crispim, da 1ª DP de Santana, responsável pelo caso, disse que apesar deles negarem o crime, possui provas da autoria.
Crispim agora aguarda apenas a conclusão do laudo para encerrar o inquérito e encaminhar o caso à Justiça. O delegado revelou alguns detalhes das investigações ao Portal SelesNafes.com.
“Desde quando iniciaram as investigações, todos os indícios apontavam para o casal de caseiros, eles foram os últimos a ver as vítimas com vida e não batia a versão deles, havia várias contradições. E foi exatamente atrás de provas para estas inconsistências que nós concentramos as investigações e conseguimos comprovar que estavam mentindo”, explicou Crispim.
A polícia esteve, nos últimos dias, fazendo diligências por toda a região do Piaçacá, em busca de provas. Na última quinta-feira (18), os agentes conseguiram localizar duas testemunhas chaves para elucidar o caso.
Segundo o delegado, com Ruy e Erika já mortos, os jovens caseiros saíram no carro do patrão, uma picape tipo L-200, de cor verde. Para o azar deles, o pneu do veículo furou na BR-156 e tiveram que pedir ajuda em uma propriedade rural nas proximidades – e desta forma foram vistos no carro da vítima, contrariando a versão de que não sabiam como o carro havia sumido do sítio.
“Mostramos as fotos do Jefferson e da adolescente e eles foram reconhecidos pelas pessoas que os ajudaram a trocar o pneu do carro”, completou o delegado.
Ainda de acordo com a polícia, além do carro, Jefferson e sua namorada levaram uma quantia de aproximadamente quase R$ 5 mil, que Ruy havia recebido por auxiliar em um procedimento cirúrgico, e uma arma de fogo tipo espingarda.
A polícia apurou que a mãe de Jefferson possui um terreno vizinho ao sítio de Ruy. Foi desta forma que se conheceram, há cinco anos. Jefferson estava de férias e Ruy estava necessitando de um caseiro, por isso, contratou o jovem, 12 dias antes do crime.
“Pelo que apuramos, era um serviço temporário, apenas pelo período de férias, enquanto Ruy tentaria contratar outra pessoa”, esclareceu o delegado.
Animosidade
A polícia também tenta confirmar outra motivação para o crime, além do roubo. Segundo o apurado pela equipe da 1ª DP de Santana, um pequeno desentendimento entre patrão e contratado pode ter gerado outro estímulo para a violência.
“Durante esses 12 dias em que estava cuidando do terreno, ocorreu a morte de quatro porcos, o que deixou Ruy bastante aborrecido porque ele cuidava bastante desses animais. Uma das testemunhas do caso nos disse que viu uma animosidade entre o Ruy e o Jefferson, por conta desses animais no dia que aconteceu o crime”, revelou Crispim.
Jefferson não tem antecedentes criminais.
Violência
Os corpos do casal foram achados no último dia 14, já em fase inicial de decomposição. Por isto, a perícia acredita que eles foram mortos algumas horas antes, na noite do dia 13 de julho. O local é um sítio, localizado na comunidade do Matão do Piaçaca, distrito do município de Santana.
O laudo oficial ainda não foi concluído. Contudo, o Portal SelesNafes.com teve acesso a uma prévia do resultado da perícia. A informação aponta que Erika Pinheiro, de 25 anos, começou a ser perfurada, provavelmente a golpes de faca, ainda dentro da casa, e tentou fugir. Ferida, ela deixou pegadas de sangue da casa até um pequeno ramal, a 20 metros da casa, onde caiu morta. Ela levou diversas facadas no peito.
Já Ruy foi encontrado numa escadaria entre o igarapé e a casa. Ele tinha 56 anos de idade. Foi morto com apenas uma perfuração no peito – ainda não confirmado se provocada por arma de fogo ou arma branca.
Os dois estavam com roupas íntimas, e também há muitos hematomas nos corpos, o que pode indicar que eles foram espancados. Quem estava mais ferida era Érica, com várias perfurações no tórax.
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Foto de capa: Olho de Boto/SN