Por SELES NAFES
O juiz Leonardo Soares, da 5ª Vara Federal do Amapá, negou pela terceira vez a liberdade provisória do empresário Érico Rossi, acusado de cometer falsidade ideológica 206 vezes para extrair e vender madeira ilegalmente. Ele está preso em Macapá desde maio, quando a Polícia Federal e o Ministério Público Federal deflagraram a Operação Lacuna.
O magistrado avaliou que o fato de ter residência fixa e “atividade lícita” não anula os motivos que culminaram na prisão preventiva dele. O juiz entendeu que não há fatos novos, e que os crimes ocorreram a menos de 1 ano, portanto, são recentes. Além disso, Soares também avaliou que o risco é alto de o empresário voltar a cometer crimes, já que, mesmo preso, teria criado uma nova empresa.
“À primeira vista, em juízo de cognição sumária, o juízo vislumbra que em liberdade o acusado continuará se valendo de pessoas jurídicas para o suposto cometimento de ilícitos, configurando a criação de uma nova empresa, mesmo preso, fato que depõe contra o acusado, pois, em tese, ele poderia se valer dessa nova empresa para perseguir o seu aventado intuito criminoso”, diz o juiz em sua decisão.
Esquema teria movimentado R$ 2 milhões. Fotos: Arquivo SN
Segundo o MPF, entre junho de 2017 e junho de 2018, Érico Rossi, conseguiu gerar créditos florestas falsos para negociar com empresários. Os créditos permitiam a extração de madeiras nobres de forma ilegal.
O MPF calcula que o esquema tenha movimentado mais de R$ 2 milhões. Só as empresas do acusado teriam movimentado R$ 800 mil. Mesmo após os bloqueios pelo Ibama dos créditos falsos, segundo a investigação, o empresário transferiu ilegalmente créditos de sua empresa matriz para a filial para dar continuidade aos negócios.
O MPF pede a condenação do empresário pelos crimes que, somados, podem chegar a 25 anos de prisão, além do pagamento de R$ 800 mil por danos.