Jovem vende tapioquinha por sonho: ser médica ou comissária de bordo

A história de Ana Paula Miranda Rosa começou a ganhar destaque nas redes sociais após a publicação de uma cliente
Compartilhamentos

Por RODRIGO ÍNDIO

A realização de um sonho raramente acontece de uma hora para outra. É preciso lutar pelos objetivos e agir diante das dificuldades impostas pela vida. Alimentada pelo desejo de conquistar uma carreira como médica ou comissária de bordo, a jovem Ana Paula Miranda Rosa, de 14 anos, ganhou a internet no Amapá nos últimos dias com sua força de vontade.

Filha de uma dona de casa e de um funcionário público, a menina que mora no Bairro Brasil Novo, na zona norte de Macapá, vê na venda de tapioquinhas e chopps de frutas a esperança para conseguir alcançar, no futuro, mais conhecimento e sua carreira profissional. Nos dias que não tem compromisso com a escola, a jovem empreendedora atravessa a cidade e comercializa seus produtos em frente a uma famosa loja na Rua Cândido Mendes, no centro comercial da capital.

Ana Paula Miranda Rosa decidiu montar a venda de tapioquinhas e chopp no comércio: investindo no futuro. Fotos: Rodrigo Índio/SN

Na semana passada, a história de Ana Paula foi postada por uma mulher que adquiriu os saborosos produtos. A jovem vem conquistando clientes e internautas que compartilharam a honrosa atitude.

Nesta segunda-feira (26), lá estava ela novamente na calçada anunciando: “olha a tapioquinha, com leite condensado, tem chopp também!”. Em uma pausa rápida no trabalho, ela contou um pouco de sua rotina.

“Acordo 5h45 da manhã para ir para a escola, volto pra casa e se não tiver nada da escola para fazer me preparo para trabalhar às 14h. Nas terças e quintas faço vôlei no projeto social do 2° BPM e também frequento a igreja. Tenho uma vida corrida, mas tudo tem o propósito de Deus”, detalhou.

Jovem conta com o apoio dos pais no pequeno empreendimento

Ela falou como vê momento e o que espera para sua vida.

“É um momento de aprendizado, para me dedicar a uma coisa que eu gosto de fazer e levar para vida. Claro, não é uma coisa que eu quero seguir, mas acho admirável pessoas que trabalham para seu próprio sustento e acho bonito a iniciativa. Gostei de tomar ela porque eu quis ter meu próprio sustento. Quero realizar meu sonho de ser médica ou aeromoça e poder ajudar meus pais no futuro, pra isso preciso ir à luta”, disse Ana Paula.

O tio (de camisa cinza) é quem prepara as tapioquinhas

Durante a reportagem, quem comprava as iguarias aprovava a qualidade dos produtos.

“Gostosa essa tapioquinha, vou comer uma aqui e levar a outra para tomar com café em casa”, assegurou uma senhora.

Tapioca é vendida com leite condensado

A família faz questão de deixar claro que a jovem é assídua na escola, onde faz o 8° ano do ensino fundamental, e que ela concilia o estudo, o trabalho e os sonhos com o apoio de seus pais e familiares.

“Ela não precisaria estar vendendo os produtos porque temos uma vida estabilizada. Somos humildes, mas graças a Deus nunca lhe faltou nada. Porém, jamais deixaríamos de apoiar os sonhos de nossa filha. A atitude dela me surpreendeu porque muitas meninas de sua idade teriam vergonha de fazer a venda, mas ela não, é iluminada”, orgulhou-se o pai de Ana Paula, Dilberto Maia Rosa.

A mãe, Cláudia Miranda faz os chopps

A ideia da venda

No início do mês de julho, durante as férias escolares e dos projetos que participa, Ana Paula estudava em casa e mesmo assim sentia a necessidade de fazer outras coisas. Foi então que ela pediu aos seus pais que pudessem ajudar seu tio que fabrica tapioquinhas na venda dos produtos porque tinha um objetivo.

“Ela me perguntou o que eu achava dela vender tapioquinha para o tio, eu perguntei se era isso mesmo que ela queria, ela disse que sim porque tinha sonhos a realizar, foi quando tudo começou. Aquilo me sensibilizou e ajudei fazendo chopp para ela vender. Hoje ela tem um cofre, mas pra semana vamos abrir a poupança pra ela colocar o dinheiro direto no banco para que ela possa realizar seus sonhos”, revelou a mãe da menina, Cláudia Miranda.

O pai, Dilberto Maia Rosa: orgulho da filha

O tio que faz as tapioquinhas e supervisiona a menina durante o trabalho é Elienai Souto. Ele falou que também se surpreendeu com a atitude da sobrinha.

“Quando ela me deu a notícia falei: minha filha o que posso fazer é dar a vara de pescar, só não posso pescar pra ti. Na hora ela disse para eu fazer as tapiocas. Auxiliei ela nos primeiros dias e me encantei com a simpatia e desenvoltura dela com as pessoas. Agora minha mulher vende lá no canto e supervisiona ela com meu auxílio. É um orgulho saber que desde cedo ela luta por seus objetivos”, enfatizou.

Agora, a família fará uma poupança para a jovem planejar o futuro

Venda

Em dia de trabalho, Ana Paula vende no mínimo 40 e no máximo 80 tapioquinhas, ao valor de R$2. Já o chopp, custa R$1 e ela vende todas as dezenas que leva na cuba de isopor.

A história da simpática Ana Paula é um exemplo que inspira pela força de vontade de vencer na vida, de derrubar todas as barreiras e obstáculos e de nunca parar de sonhar. 

Seles Nafes
Compartilhamentos
Insira suas palavras de pesquisa e pressione Enter.
error: Conteúdo Protegido!!