Mandioca: Novas espécies podem acabar com dependência da farinha “estrangeira”

Pesquisadores da Embrapa já descobriram várias espécies mais produtivas que se adaptam bem ao clima do Amapá. Foto: André Silva/Arquivo SN
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Por SELES NAFES

Os técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) já sabiam que boa parte da farinha de mandioca comprada nos supermercados do Amapá vinha de fora, mas eles não tinham ideia de que a dependência chega a 90%. Mesmo nas feiras livres, a maior parte da farinha comercializada vem de regiões do Pará. 

Há cerca de três anos, equipes da Embrapa estão debruçadas sobre estudos de cultivares de outros estados, que mais tarde se revelaram mais produtivos, e com maior rendimento de farinha. Eles também se adaptam perfeitamente ao clima do Amapá, além de serem mais resistentes a doenças.

A missão agora é ganhar a adesão de agricultores interessados em ser “maniveiros”, ou seja, produtores de sementes desses novos cultivares de mandioca. É o que explica o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa, Adilson Lopes. O projeto tem apoio do Sebrae e do Rurap.

Adilson Lopes, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa/AP. Foto: Seles Nafes

Como começou essa pesquisa de novos cultivares de mandioca?

Já existia uma demanda por novos materiais de mandioca, porque os antigos não têm uma produtividade muito boa. Essa demanda surgiu há uns dois ou três anos, de trazermos novos materiais para testar a produtividade e resistência a doenças. Este ano, já testamos 42 materiais com um pesquisador da área de sistemas sustentáveis. Desses 42, alguns tiveram produtividade cinco e seis vezes maior.

Além disso, estamos buscando novos materiais com potenciais para produzir até 10 vezes mais do que se produz hoje.

Pesquisadores identificaram cultivares mais produtivos. Fotos: André Silva/Arquivo SN

Vocês estão testando espécies de outros estados?

Isso. E são perfeitamente adaptáveis. Podemos usar perfeitamente no nosso Estado.

Qual o próximo passo?

É desenvolver material propagativo desses materiais superiores.

Nesse caso, o que é o material propagativo?

 São as manivas, são as sementes da mandioca. Estamos numa fase de multiplicação dessas “sementes” em maior quantidade porque a demanda é grande, e não se tem atualmente a quantidade de manivas para atender as demandas.

Como esses novos cultivares podem ser compartilhados com os agricultores?

A Embrapa tem o dia de campo. Este ano já fizemos sete ou oito dias de campo, onde o agricultor é apresentado à produtividade desses novos materiais. Quem ainda não participou é só procurar a Embrapa, que lá temos as agendas de novos dias de campo. Isso pode fazer um diferencial muito grande. Fizemos uma reunião com os donos de supermercados, e eles disseram que 90% da farinha vem de fora. E a gente também avalia o rendimento de farinha, não apenas a produtividade e resistência de doenças. Esses novos materiais apresentaram bom rendimento de farinha.

Lopes: a ideia agora é envolver os agricultores na produção de manivas-sementes

Como ter uma produção de sementes?

Esse é um passo importante. A gente precisa ter produtores interessados em produzir maniva-sementes, o que a gente chama de “maniveiros”. A Embrapa não tem pernas suficientes para produzir maniva suficiente para atender a demanda do Amapá. Isso implicaria em orçamento e pessoal. Não teríamos condições de produzir para atender nem 5% da demanda.

Qual seria a solução?

Estamos discutindo com o Sebrae, porque esse projeto é financiado pelo Sebrae, o Reniva. O objetivo é estimular produtores de mandioca a serem maniveiros. O material propagativo vai aumentar e todos serão beneficiados. Isso depende dos agricultores que sejam interessados em ser maniveiros, e a demanda é muito grande.

Seles Nafes
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