Policiais não quiseram seguir pistas, afirmam lideranças waiãpi

Índios continuam afirmando que invasores estão em terras indígenas
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Movimentos sociais e indígenas do Amapá realizaram uma coletiva de imprensa, nesta quinta-feira (1º), para dar a versão dos wayãpis sobre as circunstâncias da morte do cacique Emyra Waiãpi, ocorrida na semana passada, nas terras indígenas localizadas no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, no município de Pedra Branca do Amapari.

A iniciativa ocorre durante as investigações e um dia antes da exumação do corpo, que deve ocorrer na tarde desta sexta-feira (2). A mesa foi composta pelas representações da Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Articulação e Organização dos Povos Indígenas do Amapá e Norte do Pará (Apoianp), Rede Eclesial Panazônica e pelo Fórum Panamazônico.

Makreiton: “Nunca inventamos uma história dessas”. Fotos: Marco Antônio P. Costa/SN

“A nossa preocupação é muito grande, precisamos de apoio e segurança. Os policiais foram lá dizendo que não havia invasores, a gente não pode mentir, não somos mentirosos, nunca inventamos uma história dessas. Esse nunca foi um costume Waiãpi, porque iríamos inventar isso? Se isso tivesse acontecido lá só com a família, ninguém ia divulgar”, declarou o jovem Makreiton Waiãpi.

Ele explicou que na tarde de sábado (27), quando as primeiras denúncias começaram a ser veiculadas, informações desencontradas acabaram sendo repassadas, não por má fé, mas por desorientação, o que é comum em casos que envolvem violência e morte, segundo Makreiton.

Liderança do Fórum Social cobra mais empenho na investigação da morte do cacique

O indígena reclamou que, nas diligências feitas no domingo (28), os agentes da segurança pública não seguiram possíveis marcas de sapato para dentro da floresta e que se limitaram às sedes das aldeias, pois afirmaram que não estavam lá para entrar na mata. Outra reclamação se deve à falta de apoio aéreo e a não utilização do drone, que poderia aumentar muito as chances de encontrarem pistas. A PF informou que o drone foi levado, mas apresentou defeitos.

As lideranças esclareceram que há dúvidas sobre o número de invasores, mas em nenhuma hipótese questiona o fato de que não indígenas invadiram suas terras. Ademais, a nota do Conselho dos Povos Waiãpi (Apina) que foi lida na abertura da coletiva, reitera e relata um novo contato visual com homens brancos nas terras Waiãpi.

Simone Karipuna, liderança indígena da região de aldeias do Oiapoque, reclamou da forma como parte da imprensa, das autoridades e da sociedade colocaram em cheque o relato feito pelos índios Waiãpis.

Simone Karipuna, liderança indígena da região de aldeias do Oiapoque

“Tem várias trilhas e caminhos perto da aldeia, eles [os policiais] não falaram para a sociedade que não seguiram nenhum desses caminhos. Ao invés disso, preferiram colocar em dúvida. Não levam em conta que todos nas aldeias estavam e estão super preocupados, super nervosos. A gente pede que seja feita uma investigação detalhada da situação. Houve invasão e a informação de ontem demonstra que ainda tem invasores”, declarou Simone Karipuna.

Seles Nafes
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