Da REDAÇÃO
A deputada estadual Aldilene Souza (PPL) está em situação para lá de complicada. Nas alegações finais, os procuradores eleitorais que movem a ação de investigação eleitoral reafirmaram esta semana que a então candidata se valeu de um amplo esquema de concessão de favores a eleitores com a intenção de comprar votos.
Botijões de gás, marcação de exames, consultas e até a doação de verduras e legumes estão entre os “favores”, diz a denúncia do Ministério Público Eleitoral (MP Eleitoral).
Com base em áudios, fotos e vídeos enviados como prestação de contas ao coordenador da campanha, o policial militar Pedro Procópio Júnior, o MP Eleitoral afirma que a campanha de Aldilene doou pelo menos 60 botijões de gás a R$ 80, cada.
“Além do transporte de grávidas para realização de exames de ultrassonografia, o grupo entregava remédios a eleitores. A distribuição de verduras e legumes ocorreu nos bairros carentes do Araxá e Pedrinhas”, diz o MP Eleitoral.
“Não há como negar que os investigados buscaram explorar as necessidades mais básicas de saúde e alimentação da população – as quais o Estado lamentavelmente ainda falha em suprir – para alavancar a candidatura de Aldilene Souza e elegê-la ao cargo de deputado estadual”.
A peça também cita uso de dinheiro não declarado na prestação de contas da campanha ao TRE.
Doações do coordenador
Outro aspecto investigado pelos procuradores foi a atuação do coordenador da campanha, o policial Pedro Procópio Júnior. Além de fiscalizar todo o esquema de compra de votos, no sistema do TRE ele figura como o principal doador da campanha. Atualmente, o PM está lotado no gabinete da deputada, na Assembleia Legislativa do Amapá (Alap).
O processo está concluso para julgamento no Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP). Além de Aldilene, outras três pessoas estão sendo processadas, incluindo o coordenador.
No dia 6 de dezembro, a Operação Cícero, da Polícia Federal, cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados à Aldilene e à deputada federal Aline Gurgel (PRB), que teria sido beneficiada pelo mesmo esquema de Aldilene. Aline também responde a uma ação eleitoral semelhante, e pode perder o mandato.
A ação começou a tramitar ainda em dezembro, e só agora, nove meses depois, entrou na fase final. Os procuradores pedem que seja decretada a inelegibilidade, mas ainda não há data para o julgamento da ação.
Aldilene, que é empresária, foi eleita com 4.107 votos. Ela está no primeiro mandato.
Número da ação: 0601720-33.2018.6.03.0000