Por SELES NAFES
A cônsul-geral adjunta do Brasil em Caiena, Christiane Aquino Bonomo, informou na tarde desta quinta-feira (26) ao Portal SelesNafes.Com que o governo brasileiro enviou recursos para apoiar famílias brasileiras desabrigadas após a desocupação judicial do bairro da Matinha, nos arredores da capital da Guiana Francesa. Ela alegou que as famílias legalizadas na Guiana estão recebendo apartamentos.
Segundo ela, há mais de cinco anos o processo de desocupação do bairro da Matinha vem sendo realizado pelo governo francês, gradativamente, enquanto uma ação de reintegração de posse tramitava na justiça.
No entanto, de acordo com Christiane Bomono, brasileiros que foram beneficiados com apartamentos em residenciais do governo venderam suas casas na Matinha para outros imigrantes brasileiros que estavam chegando para morar em Caiena, a maioria de forma irregular. Isso fez com que não houvesse, de fato, uma desocupação completa.
“Durante o processo, o consulado fez visitas e atuou com o Conselho de Cidadãos e outras associações para que os brasileiros que pudessem tirar a Carte de Séjou (visto de permanência) mandassem os documentos para conseguir apartamentos sociais”, comentou a cônsul-geral.
Ela afirma que quem estava em situação irregular acabou ficando na Matinha. Além disso, antes de sair, alguns brasileiros venderam suas casas para quem estava chegando na esperança de que não haveria a reintegração de posse.
“Não tinha porque as pessoas insistirem, mas sempre tem os recalcitrantes que afirmam que não têm aonde ir. Conseguimos recursos para alimentos e hospedagem, mas é algo temporário. Elas têm que encontrar um modo de vida para continuar na Guiana”, afirmou Christiane Bomono.
A cônsul admitiu que algumas famílias foram levadas para a fronteira com a Brasil, e que pelo menos seis brasileiros foram conduzidos para um centro de retenção por que têm problemas com a justiça.
Bomono também disse que a maioria das pessoas que aparecem em imagens dos vídeos da ação de despejo não é brasileira, mas de outras nacionalidades, que também estavam na Matinha irregularmente.
Os dados apresentados pela cônsul são questionados pela administradora da página “Brasileiros na Guiana”, que está engajada numa campanha para ajudar as famílias.
Com a ajuda de outras pessoas solidárias, Vaneza Ferreira confeccionou uma lista com pelo menos 34 pessoas, entre adultos e crianças. Ela adiantou que esse número pode aumentar.
O bairro da Matinha existe há 40 anos, e era uma invasão formada por imigrantes brasileiros, dominicanos e haitianos. A reintegração de posse começou na última terça-feira (24), quando policiais despejaram moradores e incendiaram residências. Cerca de 700 famílias estavam morando no lugar.
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