Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
O desportista e professor de artes marciais amapaense Diogo Dickson de Menezes Morais, também conhecido como Dioguinho, tem chamado a atenção de quem passa nas esquinas da Rua Leopoldo Machado com Avenida Feliciano Coelho, no Bairro do Trem, zona sul da capital.
Aos 35 anos, sendo 16 deles dedicados às artes marciais, Diogo se viu obrigado a ter que buscar atividades fora da sua área de formação. No penúltimo nível de muay thai, boxeador e medalhista pan-americano e sulamericano de jiu-jitsu, o atleta também já foi lutador profissional de MMA.
Diogo e sua esposa são os idealizadores de um dos eventos de lutas mais prestigiados do Amapá, o “Amapá Top Team”, direcionado aos amantes de kickboxing. O torneio, dente outras coisas, lhe garantiu referência no segmento das artes marciais no Amapá.
Entretanto, a trajetória exitosa no esporte não foi suficiente para defender o atleta da severa crise econômica pela qual o país e o estado passam. Sem oportunidade de emprego fixo e com uma proposta tentadora, Diogo se mudou com a esposa e o filho para Fortaleza-CE, no início de 2018.
Lá, tinha a proposta de um emprego melhor, mas a promessa acabou não se materializando e ele tinha que complementar a renda fazendo bicos na Praia de Iracema, onde vendia pacotes turísticos para as praias do Ceará, como Jericoacoara e Canoa Quebrada. Além disso, também vendia água de coco e água mineral.
Após a experiência, a família decidiu voltar ao Amapá e se depararam com uma situação muito difícil também.
Hoje, o atleta mora na casa da sogra, junto com o filho Heitor, de 06 anos. O casal decidiu investir na qualificação da companheira, que foi fazer pós-graduação na área de biomedicina em Manaus-AM, onde mora com uma avó. Vender água não é a única atividade do jovem.
Diogo trabalha cerca de 10 horas por dia. Ele começa a entregar quentinhas às 11 da manhã e vai até meio-dia e meia. Almoça e vai direto para esquina vender água, onde fica aproximadamente até as 16 horas. Descansa até as 18 horas, quando vai entregar lanches em sua moto, ou pizza ou hambúrgueres, o que aparecer no dia.
São quatro pacotes diários de água, mais os trabalhos de entregador que garantem a Diogo uma renda um pouco superior aos R$1,5 mil. Com os ganhos, manda dinheiro para sua esposa, sustenta o filho e ajuda na casa da sogra.
Evangélico, Dioguinho conta que um dos seus maiores orgulhos é que seu filho não deixou de estudar em nenhum desses momentos de dificuldades, e nem ele e sua companheira deixaram de acreditar que podem dar a volta por cima.
O objetivo atual é primeiro o da manutenção, o sustento diário da família, mas o sonho é ter uma academia de artes marciais, aqui ou em Fortaleza, pois garante que é um bom profissional no que faz e apenas está lhe faltando a oportunidade certa.
“Hoje eu descobri quem realmente são os amigos. Muitas pessoas já falaram ´pô mano, vendendo água, você já foi sócio da maior academia de artes marciais, tinha status, vendendo água no sinal?´ Eu só respondo que vergonha é não sustentar a família e eu tinha que fazer alguma coisa para juntar dinheiro. Ninguém pôde me ajudar, tudo bem, ninguém tem a obrigação, mas eu tenho o dever de correr atrás das minhas coisas”, declarou Diogo.
Segundo ele, na sua área até apareceram trabalhos, mas falta material, estrutura e espaço adequados. Quanto a aulas particulares, a questão fica por conta do valor que as pessoas querem pagar por uma aula de muay thai, por exemplo. Na média R$10,00 por hora de aula não valoriza toda a formação que o atleta tem.
Para contatos, ofertas de emprego ou oportunidade em áreas afins, o contato do Diogo é (96) 98107-2287.