Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Portões abertos, portas quebradas, estruturas sem telhado, muito mato e lixo. Essa é a atual situação da sede da União dos Negros do Amapá (Una), localizada entre as ruas General Rondon e Eliezer Levi, no Bairro do Laguinho, área central de Macapá.
A entidade passa por dificuldades desde que a última diretoria foi deposta por ordem judicial, com denúncias de irregulares na documentação que lhe garantia o mandato.
Atualmente, uma junta governativa provisória formada por dez pessoas é quem responde pela entidade. O atual presidente, Josivaldo Libório, de 48 anos, informou que a situação não é pior porque há poucos meses a diretoria provisória organizou uma grande limpeza do local.
“A gente tem feito tudo o que possível para retomarmos o funcionamento do espaço, só que infelizmente há percalços grandes e o mais importante deles é o desgaste moral pela qual a entidade está passando. O desgaste moral das pessoas que por ali passaram, é pior ainda. Então nossa primeira tarefa é demonstrar para a sociedade que não acredita na possibilidade daquele espaço para funcionar e colocar ele na missão para o qual foi fundado”, desabafou o presidente.
E os problemas se acumulam. As dívidas são grandes e, por exemplo, a dívida da energia elétrica com a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) é de aproximadamente R$800 mil, o que ensejaria uma forte campanha de negociação e de anistia.
Morador de rua
O presidente declarou também que a diretoria está ciente de que há um “morador” nas dependências da sede da associação e que já tentaram várias medidas para conservar o patrimônio e evitar que o problema se alastre, como a possibilidade de que mais pessoas em situação de rua comecem a ir para o local.
A reportagem entrou na Una e se deparou com a presença do morador e de várias salas e dependências em que há preservativos usados.
Dificuldades
O atual presidente afirmou que mesmo afastado pela justiça e respondendo a outros processos por estelionato, o ex-presidente, Iuri Soledade, continua tentando voltar ao controle da entidade e, inclusive, já teria buscado órgãos públicos e privados para financiamento do próximo “Encontro dos Tambores”, tradicional evento da Semana da Consciência Negra, que ocorre em novembro.
“Para conseguirmos pegar valores de uma empresa privada, que inclusive foi o que utilizamos na limpeza que fizemos na sede, tivemos que entrar na justiça. Não tem sido fácil, mas vamos continuar lutando para demonstrar que vamos dar a volta por cima e recuperar nosso respeito. A nossa junta é de pessoas de credibilidade na sociedade e vamos conseguir”, finalizou Libório.