5 perguntas para Silvia Waiãpi

Secretária especial firmou cooperação com a SVS para combater a malária em áreas indígenas do Estado
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Em visita ao Amapá na manhã desta quinta-feira (3), a secretária especial de Saúde Indígena do governo federal, Sílvia Nobre Waiãpi, de 44 anos, está cumprindo diversas agendas na capital amapaense.

Na ocasião da assinatura de cooperação técnica para combater a malária, do governo federal com o Estado, através da Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS), o Portal SelesNafes.com conversou com a secretária. Confira.

Silvia Waiãpi (centro), assina parceria com o Estado, ao lado do superintendente da SVS, Dorinaldo Malafaia, e a secretária nacional de Políticas de Igualdade, Sandra Terena. Fotos: Marco Antônio P. Costa/SN

Como a senhora avalia as ações de saúde indígena no Brasil e no Amapá?

Existe um compromisso muito grande, não só nosso hoje como secretária especial de Saúde Indígena, mas do governo por inteiro, em solucionar as principais demandas e as principais querelas dos povos indígenas relacionadas à sua assistência de saúde. Então, por exemplo, nós temos áreas de difícil acesso que precisam de homologação de pista de pouso para que nós venhamos levar essa população, tirar essa população com segurança e também levar a equipe multidisciplinar com segurança, mandar suprimentos, mandar medicação, médicos, para que a gente possa realmente prestar uma assistência de qualidade.
Então esse é um caso que está parado há quase 40 anos, a homologação de pistas, que agora neste governo, que tem a intenção de levar não só a educação, o desenvolvimento a assistência de qualidade, nós retornamos aos trabalhos.

Nestes últimos cinco meses, já temos 14 pistas já prontas com suas cartas aeronáuticas. Estamos com dois estados emergenciais que são casos de segurança nacional, que são Roraima e Amapá. Semana que vem a minha equipe com engenheiros e topógrafos, estarão aqui no Amapá para irem ao Parque do Tumucumaque, com o auxílio e a colaboração do Governo do Estado do Amapá, para que eles possam fazer o levantamento topográfico de toda a região, onde tem 11 pistas. Nós já estamos com as cartas aeronáuticas prontas do “Bona” e da “Pedra da Onça”.

Comunidades Waiãpi são visitadas para ações de combate à malária. Foto: Júlio Miragaia/arquivo SN

O que será possível fazer para reduzir a malária com a assinatura deste acordo de operação técnica com a SVS?

A esperança é que nós consigamos erradicar, inclusive pelo controle imediato da doença, a malária. São mais de 5,4 mil casos já notificados e ainda acreditamos que houve uma sub-notificação, quer dizer, que muitos casos ainda não foram notificados e ainda não entraram no sistemas.

Mas esses 5,4 mil casos tornam uma ação emergencial de cooperação entre todos os poderes do estado brasileiro, para que a gente possa combater a doença.

A oposição taxa o governo Bolsonaro como anti-indígena, inimigo dos indígenas. Como a senhora vê isso?

Bom, todos vão falar isso, como você mesmo disse, oposição. Quando nós nos opomos a alguém muitas vezes nós queremos apontar nele algo que nós vemos em nós. Então, na realidade, esse é o único governo que convocou uma mulher indígena para fazer a transição do seu governo. Entre quatro mulheres no seu governo, imediatamente ele convocou uma mulher indígena para [compor] o seu governo.

Governo federal trabalha na homologação de pistas de pouso para tendimentos em comunidades indígenas. Foto: Marco Antônio P. Costa/SN

Foi o único governo que durante a nomeação dos seus ministros, convocou uma outra mulher indígena para assumir a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, que é a Sandra Terena. Logo depois, veio a convocação de outra mulher indígena para assumir a Secretaria Especial de Saúde Indígena.

Bom, se isso é ser anti-indígena, o que foram os outros governos que nunca deram voz e nunca deram poder da caneta para povos indígenas para realmente mudar a situação e discutir de igual para igual o que nós queremos para nós?

Talvez não como secretária, mas como indígena, como wayãpi, qual sua avaliação em relação ao suposto assassinato do cacique Emyra Waiãpi e tudo o que aconteceu e sua repercussão internacional? 

Bom, pessoalmente, o que eu posso dizer é que nós devemos sempre esperar que as coisas sejam investigadas, sejam avaliadas, por especialistas. Então tanto a Polícia Federal, quanto os médicos peritos que estiveram na região, já avaliaram e já deram a sua resposta.

Gestora da Sesai cumpre agenda no Amapá nesta quinta-feira (3). Foto: Alessandro Veloso/SVS

 

Por último, o que significa para a senhora ser do Amapá e poder estar contribuindo com a saúde indígena da sua região?

Meu sentimento pessoal é de que o Amapá é um celeiro especial onde se nascem pessoas com uma capacidade imensurável de mudar a história do Brasil e do mundo. Então, eu acredito que as pessoas que nasceram no centro do mundo, no centro da terra, com essa energia da Linha do Equador, elas têm um tempero especial, uma aura especial, uma energia especial e uma vontade imensurável de querer mudar o mundo.

Então, todas as vezes que eu venho aqui eu recarrego as minha baterias pessoais, revejo os parentes e eu acredito que sim, nós temos a oportunidade de mudar o Brasil e é agora, basta termos responsabilidade, basta termos comprometimento com a nossa nação, ter esse entendimento que a nossa bandeira principal não é um partido, ela é o Brasil.

Foto de capa: Marco Antônio P. Costa/SN

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