O advogado criminalista Maurício Pereira, que cuida da defesa do vereador de Macapá Yuri Pelaes (MDB), disse nesta quarta-feira (23) que o empresário delator na Operação Nota Fria age com vingança contra outro investigado, e de tabela acabou envolvendo o parlamentar equivocadamente. A justiça aceitou a denúncia do Ministério Público, e Yuri agora é réu na ação penal.
O MP investiga compras fraudulentas com emissão de notas fiscais frias para justificar o embolso da verba indenizatória por vários vereadores. Cada parlamentar tem direito a R$ 20 mil por mês, além do salário de R$ 12 mil.
Entre 2017 e 2018, de acordo com a denúncia, Yuri teria comprado mais de R$ 63 mil em material de expediente em uma papelaria, a mesma onde outros vereadores também fizeram compras com notas fiscais frias, segundo relato do MP, que em junho cumpriu mandados de busca e apreensão na CMM.
Entre os investigados está também o ex-presidente Acácio Favacho, atual deputado federal pelo Pros. O dono da empresa, em acordo de delação premiada que foi homologado pela Justiça, afirma que nenhum material foi entregue.
No caso de Yuri, o advogado Maurício Pereira garante que todos os materiais comprados foram entregues no gabinete parlamentar, e que haveria provas disso.
Questionado sobre a delação premiada do empresário, o advogado diz que seu cliente foi atingido por fogo cruzado entre dois investigados na Operação Nota Fria.
“Esse delator tinha uma empresa de fachada, e quando vencia uma licitação pegava mercadorias com outras empresas. E agora, por razões muito pessoais, entre ele e o fornecedor, o empresário está numa vingança sórdida envolvendo pessoas que nada tem a ver”, garantiu.
No dia 3 de junho, MP e policiais cumpriram mandados de busca e apreensão. Fotos: Leonardo Melo / Arquivo SN
Maurício Pereira afirma que a verdadeira motivação da delação seria um triângulo amoroso envolvendo o delator e o fornecedor.
“É o que vai aparecer na defesa, é constrangedor, mas é isso. (…) Para se vingar, o empresário saiu como uma metralhadora atirando em todo o mundo”, frisou.
