Do “14-bis” ao supersônico

Artigo do jornalista Carlos Sérgio Monteiro analisa trajetória do presidente do Senado, Davi Alcolumbre
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Por CARLOS SÉRGIO MONTEIRO, de Brasília

Em meados de 1906, Santos Dumont realizou testes com o “14-bis”, um aeroplano novo, sem o balão que era acoplado no avião anterior.

Anos depois, a tecnologia do século XX permitiu a fabricação do avião supersônico, uma aeronave capaz de voar mais rápido que a velocidade do som.

A habilidade política, a articulação, o carisma e a humildade fizeram de Davi, vereador de Macapá a presidente da República. É o 14-bis de outrora para o supersônico de agora na política.

Davi Samuel Alcolumbre Tobelem tem uma bela história para contar na sua trajetória de vida púbica. Vereador de Macapá em 2001 pelo PDT e, com um ano e meio de mandato (2002), ousou concorrer a deputado federal elegendo-se e reelegendo-se para mandatos que vão de 2003 a 2014.

A expertise e a astúcia política deram-lhe a oportunidade de disputar pela primeira vez, em 2012, um cargo majoritário, à Prefeitura de Macapá, tendo como adversários Roberto Góes (PDT), Clécio Luis (PSOL), Cristina Almeida (PSB), Genival Cruz (PSTU) e Evandro Milhomen (PC do B), ficando em quarto lugar no primeiro turno e aliando-se a Clécio Luis, no segundo turno, para derrotar o então prefeito Roberto Góes, que tentava a reeleição.

Dois anos mais tarde, outra ousadia do filho do seu Samuel e da Dona Júlia, ao candidatar-se ao Senado Federal, tendo como adversário inicial o ex-aliado José Sarney (MDB).

A desistência de Sarney levou Gilvan Borges ser o candidato pelo MDB e o jovem deputado federal, com o viés de “mineirisse”, construiu uma campanha sólida, recebendo apenas a “intéra” de votos do PSB para ganhar a eleição, afinal Gilvan era arqui-inimigo dos Capiberibes.

Em 2018 candidatou-se a governador do Amapá, com o discurso nem azul, nem amarelo, mas o eleitor preferiu continuar com Waldez e Capiberibe na disputa do segundo turno.

2014: Davi encontra Gilvam Borges em Laranjal do Jari durante campanha pelo Senado. Foto: Seles Nafes

Outubro de 2018: Ao lado de aliados, Davi admite derrota para Waldez Góes

Derrotado, voltou às atividades parlamentares no Senado, resgatando a fama de ter aposentado um dos políticos mais antigos da República, José Sarney.

Percebendo o novo momento político e a renovação de senadores, candidatou-se a presidência do Senado Federal, surpreendendo analistas políticos e a grande mídia nacional, ao convencer 42 senadores de todas as matizes ideológicas para derrotar a velha raposa Renan Calheiros, numa sessão histórica, onde Davi nocauteou Golias.

Após confronto com Renan Calheiros, Davi foi eleito presidente do Senado

O presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional entrou no Boeing para voar em céu de brigadeiro, destacando-se pela condução dos trabalhos no parlamento, pactuou com os líderes as votações de matérias de interesse do Brasil, como a reforma da previdência e o pacto federativo.

O primeiro filho do Amapá, primeiro judeu e descendente de marroquinos, chegou ao ápice da sua carreira política ao assumir a presidência da República por longos dois dias (24 e 25/10/2019). Um supersônico, sem esquecer o 14-bis! #UmTucujunaPresidencia

Carlos Sérgio Monteiro é advogado, jornalista e consultor político

Seles Nafes
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