Evento alia economia 4.0 à biodiversidade do Amapá

A abertura da programação ocorreu na noite desta segunda-feira (21), no auditório da Escola de Música Walkíria Lima, centro de Macapá.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Com o tema “Bioeconomia: diversidade e riqueza para o desenvolvimento sustentável” a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (CT) no Amapá foi aberta, nesta segunda-feira (21), coma a expectativa de descoberta de novos talentos e inovações.

A solenidade que marcou o início do evento ocorreu no auditório da Escola de Música Walkíria Lima, centro de Macapá.

O evento, que vai prosseguir com programação até a sexta-feira (25), é organizado pela Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (Setec), comandada pelo jovem secretário Rafael Pontes.

Abertura reuniu pesquisadores e docentes de Ciência e Tecnologia do Amapá. Fotos: Marco Antônio P. Costa/SN

Docente da Universidade Federal do Amapá (Unifap) e pesquisador da área de tecnologias, ele conversou com o Portal Seles Nafes sobre o evento e o setor de ciência e tecnologia no Amapá. Confira.

PSN – Qual a produção de ciência e tecnologia (CT) no Amapá hoje? Qual o número aproximado de pesquisadores que o Estado tem?

RP: Bom, pra gente falar em produção científica e tecnológica no estado do Amapá, eu já indico a todo mundo que vai ler o Portal Nafes a acessar o site www.plataformasacaca.ap.gov.br. Esse site mostra todo o painel da CT no Amapá e é um portal que reúne todas as informações, a quantidade de pesquisadores, quantidade de produção científica e tecnológica, patentes, que é algo que estamos avançando muito aqui no Estado, o que se produz de livros. Vou te dar alguns números que são tirados diretamente do portal.

Rafael Pontes, secretário de Estado da Ciência e Tecnologia do Amapá

A gente tem aproximadamente 4500 pesquisadores no Estado do Amapá, que estão onde? Vinculados às universidades públicas (Unifap, IFAP e UEAP), dentro da rede de educação do estado, principalmente na Secretaria de Estado da Educação (Seed), algumas instituições públicas como o IEPA, que é de pesquisa, a Embrapa, o Hemoap e outras instituições que fazem CT, o que dá aproximadamente 4500 pessoas, pesquisadores, que já produziram também dados da plataforma, quase 50 mil produções técnicas e científicas e algo em torno de 50 patentes já registradas no Estado do Amapá.

PSN – Qual o exemplo de CT mais tangível por uma comunidade beneficiada por uma pesquisa?

RP: A gente tem, se formos pegar um processo histórico, desde as patentes com as velas de urucuri, que foi a primeira patente do estado do Amapá, e a gente tem muita tecnologia desenvolvida para a questão da biodiversidade. Hoje, a gente tem muita coisa produzida sobre o manejo do açaí, na produção do pescado, ciência que influencia.

Pontes: Amapá já tem 50 patentes. Foto: Ascom/GEA

Para te dar um exemplo bem prático, a gente tem hoje uma espécie nova de açaí produzida pela Embrapa, que é o açaí irrigado, açaí de terra seca, que é uma novidade, onde a Embrapa desenvolveu em laboratório e ensina o produtor como é que ele pode alavancar o seu negócio sem depender apenas do movimento sazonal, de terras alagadas para a produção de açaí, e agora ele pode produzir o ano inteiro, para que a gente tenha uma safra perene, que não impacte tanto no preço da produção do açaí aqui no nosso estado. Então é um exemplo de como a CT pode alcançar os anseios da sociedade.

PSN – Quanto ao orçamento de CT, para além das instituições federais, como está, por exemplo, o orçamento da pasta de CT da secretaria que o senhor comanda?

RP: Não é um orçamento robusto como nós queríamos. Mas isso também tem muito a ver com a aderência ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Então temos feito nos últimos anos um movimento para a captação de recursos, de ir atrás de emendas parlamentares, editais. Para você ter uma ideia, já tem alocado para o ano que vem, uma emenda, ainda do ex-deputado Roberto Góes, para fazer a popularização da ciência o ano inteiro, de R$ 1 milhão.  Estamos buscando junto ao ministério novos recursos para que a gente possa avançar, na construção de mais laboratórios das nossas unidades de pesquisa, principalmente no Estado, porque a SETEC é a responsável pela articulação política entre a UEAP, o IEPA a fundação de apoio e amparo à pesquisa e a própria SETEC, vinculado às demais instituições. Precisamos alavancar mais recursos para fazer que a população perceba cada vez mais o impacto da CT nas suas demandas sociais.

Segundo secretário, Amapá tem 4500 pesquisadores

PSN – Qual, então, popularizando ao máximo, a importância da CT?

RP: Vamos tentar entender assim: o mundo, não só o Brasil, trabalha numa vertente da economia que a gente chama de “economia 4.0”, que é o uso de tecnologias digitais influenciando nosso comportamento, tanto comportamento social quanto profissional, e o Amapá não pode ficar distante disso. Então a gente avançado na questão “startups”, de negócios empreendedores, negócios digitais, para que a gente também consiga se posicionar como um estado que desenvolver tecnologias digitais.

Mas qual o nosso diferencial? Aproximar essa economia 4.0 das nossas vocações naturais, da nossa biodiversidade. Então o tema da semana nacional de CT esse ano tem tudo a ver conosco, a bioeconomia, então como é que a gente pode transformar todo esse nosso potencial de biodiversidade em uma economia pujante, tecnológica, com ciência agregada, desenvolvendo mais valor agregado, para que isso desemboque em mais emprego, mais renda, mais comida na mesa, com mais produção científica e que alcance mais anseios da sociedade?

PSN – Qual o objetivo do evento?

RP: Então, um evento como esse tem o papel de mostrar à sociedade amapaense o que nós já temos de robustez tecnológica, mostrar que possível para a meninada que está na escola que ele pode alcançar uma graduação, mestrado e doutorado, fazer pesquisa e produzir ciência.

Pesquisadores de ciência e Tecnologia do Amapá

Então é um evento de popularização da ciência, mostrar o que é feito de CT no Amapá e com isso atrair mais adeptos desse fazer diário da ciência. Eu tenho certeza que se a gente conseguir estimular desde a infância, nas escolas, fazendo com que as crianças despertem seu olhar curioso, seu olhar em construção de conhecimento em um diálogo mais ativo como professor, a gente vai ter escolas mais criativas para que essas crianças cheguem nos ambientes universitários com saber científico mais aguçada e fazer com que todo o setor de CT consiga fazer a transferência de tecnologia para a sociedade.

Foto de capa: Ascom/GEA

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