Líder da Associação de Mulheres Ribeirinhas Vítimas de Escalpelamento, Maria Trindade Gomes impulsiona campanha para ajudar entidade
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Maria Trindade Gomes, de 52 anos, tem uma vida inteira marcada pelo escalpelamento. Ela transformou sua dor em luta e hoje dirige a Associação de Mulheres Ribeirinhas Vítimas de Escalpelamento na Amazônia.
Os escalpelamentos na Amazônia são geralmente causados pelo eixo do motor de embarcações de pequeno e médio porte. Geralmente, o cabelo, membro ou peça de roupa da vítima acaba se enrolando no eixo de metal e as marcas ficam para sempre.
Na associação, Maria Trindade Gomes prepara perucas para doações. Fotos: Marco Antônio P. Costa/SN
No caso de Maria, o acidente foi aos 7 anos de idade. Ela conta que lembra bem da queda, quando o barquinho em que ela viajava na baía de Portel (PA) balançou muito na maresia e ela caiu em cima do eixo.
Ela toda, e não apenas o cabelo, foi puxada pela força do motor. Além de tudo, a criança foi abandonada pelos pais, e acabou sendo transferida para um hospital de Belém (PA) onde não foi atendida porque não tinha documentos.
Uma pessoa viu sua situação e lhe estendeu a mão para que fosse tratada no Hospital da Polícia Militar do Estado do Pará, à época. Ela ficou 6 anos internada e sabe dizer, por conta da pouca idade que tinha, que passou por 38 cirurgias plásticas no rosto e incontáveis na cabeça.
Líder da associação conta que foi abandonada pelos pais após o acidente
O couro cabeludo de pessoas que sofrem escalpelamento não se regenera e são feitos implantes com a pele das pernas na cabeça.
Retribuindo com amor
Hoje, Maria tem um casal de filhos biológicos e outros 9 adotivos, e transformou sua vida em luta por quem precisa.
“Fui abandonada, mas retribuí com amor. Eu era vice-presidente, mas como a presidente tá em falta, eu assumi. É uma luta de 12 anos, aqui tem cursos para fazer peruca, de costura e de confecções e apoiamos as vítimas que precisam de todos os tipos de ajuda”, destaca.
Associação agora promove campanha para ajudar vítimas
Mutirão de arrecadação
A associação lançou um mutirão para ajudar a entidade e suas assistidas. Elas pedem colchões, redes, móveis, fogão, geladeira, roupas, alimentos e tudo o mais que for possível conseguir.
O endereço da associação é Rua Beira Rio 542, bairro Perpétuo Socorro, zona leste de Macapá, no Igarapé das Mulheres. As pessoas que queiram doar também podem entrar em contato diretamente com a Maria através do telefone (96) 99129-8832 (whatsapp).
