Entenda porque autistas entram em pânico com fogos de artifício

Morador de Macapá, Heitor Brasil do Amaral Coutinho tem seis 6 anos de idade e é autista. Ele sofre com a barulheira dos fogos de artifício do Réveillon.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

O Réveillon 2020, data festiva onde se comemora a passagem de ano com as tradicionais queimas de fogos, se aproxima. Mas, os shows pirotécnicos que animam a maioria das pessoas na hora da virada não são nada bem vindos para cães e gatos por causa da hipersensibilidade na audição animal.

Contudo, não são apenas a bichos de estimação que a inevitável barulheira dos fogos de artifício incomoda. Para alguns autistas e seus familiares, a alegria geral dá lugar à atenção e, às vezes, ao pânico.

Gabriele Brasil: “Geralmente quem tem autista na família tem que abrir mão de festas e muito barulho”. Fotos: Marco Antônio P. Costa/SN

Em Macapá, já está confirmada uma queima de fogos de artifício com duração de 12 minutos na orla da Beira Rio. Além da queima de fogos organizada pelo poder público, também há as particulares, aquelas que as pessoas organizam nos bairros, nas suas ruas e casas.

O portal SelesNafes.Com conversou com uma família que tem passado pelo problema. Heitor Brasil do Amaral Coutinho tem seis 6 anos de idade e aos 2 anos os professores da criança chamaram os pais para conversar. Perceberam que o menino tinha uma dificuldade de concentração e, por consequência, atraso no desenvolvimento.

A mãe pede reflexão, se a alegria de alguns causa sofrimento a outros, especialmente crianças, é hora da sociedade como um todo pensar em mudar

A família levou Heitor à especialistas que o diagnosticaram com TEA (Transtorno do Espectro Autista) é a nomenclatura técnica usada. Não trata-se de uma doença.

O autismo é um transtorno neurobiológico que afeta a capacidade de comunicação e interação social, e pode apresentar diversos subtipos. Algumas pessoas autistas são sensíveis a sons e podem interpretar os fogos de artifício com reações diversas, como medo, susto, desespero, angústia ou sobrecarga sensorial.

De uns anos para cá, a hipersensibilidade ao som também começou a se manifestar em Heitor. No réveillon passado, ele não entrou em pânico, mas teve uma crise de choro. Se escondeu no quarto e ficou chorando.

Heitor esteve tranquilo durante a entrevista. Posou para a foto

“Ele ficou chorando, chorando muito, aquela angústia, e ele não é de chorar. Ele não estava entendendo o que estava acontecendo, o porquê daquele barulho todo. Geralmente quem tem autista na família tem que abrir mão de festas e muito barulho. Eu tenho relatos de outras mães que o Heitor perto de muitos ainda é leve. Se você olhar na internet tem gravações das crises, é de cortar o coração”, declarou a jovem mãe de Heitor, Gabriele Brasil.

A avó de Heitor, Vera Brasil, acrescentou.

“Quer ver essas motos barulhentas quando passam na rua. Porque uma pessoa faz isso, anda com uma moto desse jeito?”, questiona Vera.

Vera Brasil: motos barulhentas assustam o neto autista

Heitor esteve tranquilo durante a entrevista. Posou para a foto e parecia ter orgulho do gesso em sua perna esquerda, que ganhou após travessuras como qualquer outra criança. Botafoguense como o pai, parecia se orgulhar do escudo do time alvinegro desenhado no gesso.

A mãe pede reflexão, se a alegria de alguns causa sofrimento a outros, especialmente crianças, é hora da sociedade como um todo pensar em mudar e a mudança, segundo a mesma, começa com informação.

Na Avenida Paulista, na capital de São Paulo, e em Recife, Pernambuco, a queima os fogos de artifício este ano será silenciosa, para o bem de cães que são hipersensíveis ao som, mas também por causa de milhares de crianças.

Seles Nafes
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