Por RODRIGO ÍNDIO
Apaixonada por leitura, esporte, dublagem e mundo geek, a mais nova acadêmica de licenciatura em história da Universidade Federal do Amapá (Unifap) é um verdadeiro exemplo de a que limitação não é empecilho para a realização dos sonhos. A jovem Alice Caroline das Chagas Lobato, de 17 anos, é deficiente visual e pretende continuar ganhando o mundo.
Quando nasceu prematura de 7 meses, Alice teve descolamento de retina. Como não foi detectado a tempo de reverter o quadro, ela foi diagnosticada com retinopatia da prematuridade e perdeu a visão ainda recém-nascida. Mesmo com as limitações, a menina sempre fez o que sentia vontade e gostava de experimentar novas coisas.
“Sempre a ensinamos que ela poderia fazer tudo, basta sonhar e se dedicar”, destacou a mãe, a jornalista Aline Brito.
O vestibular não foi a primeira vitória na vida da inspiradora menina. Paratleta nas modalidades de arremesso de peso, lançamento de dardo e disco, ela participou dos jogos paralímpicos escolares nos anos de 2017, 2018 e 2019, trazendo para o Amapá um total de 7 medalhas, sendo 5 ouros e 2 pratas.
A jovem concluiu o ensino médio na Escola de Tempo Integral Professor José Firmo do Nascimento. Para o Enem Alice estudou com ajuda dos professores da escola e professoras do AEE (Atendimento educacional Especializado) que auxiliam alunos com necessidade especial.
A escolha pelo curso vem desde quando passou a ler. Desde os 9 anos, a menina falava que queria ser historiadora.
“Amava ouvir documentários sobre história antiga, é fascinada, eu, como mãe, nunca interferi na escolha dela, fala que quer fazer doutorado em história antiga grega e PHD fora do país, quer entrar no ramo da arqueologia’, detalhou a mãe.
Ainda comemorando, Alice está muito ansiosa para o início das aulas e deixa um recado para quem pensa em desistir de seus sonhos. Aprendiz dedicada na sala de aula, agora é ela quem ensina:
“Independente dos obstáculos nunca desista, pois se tem um sonho, corra e o realize acima de tudo”, ponderou.
Mesmo tendo problemas no ensino fundamental com adaptação e aceitação, a caloura de história, sempre recebeu apoio de amigos e da família para não desistir.
Alice é um exemplo de força para todos. É alegre e não sente-se menos que outras pessoas pelo fato de ser cega.
“Não gosta de ser tratada como coitada, não lamenta e quando alguém pergunta se ela queria enxergar, ela diz que não, pois é feliz do jeito que é, isso me dá orgulho e segurança, pois sei que será uma adulta independente”, finalizou orgulhosa a mãe.