Depressão, ansiedade e pânico atingem professores, alertam psicólogos

Profissionais do Ambacs realizam evento para debater a saúde mental de professores
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Pensando na importância do cuidado com a saúde mental do profissional da educação, o Ambulatório de Atenção à Crise Suicida (Ambacs) irá realizar no sábado (25), às 16 horas, na Praça Floriano Peixoto, Centro de Macapá, uma roda de conversa voltada para os professores do Estado do Amapá.

A ideia surgiu depois que os psicólogos percorreram diversas escolas e se depararam com grande incidência de profissionais acometidos de algum problema psicológico, em decorrência da profissão.

Estresse, crises de ansiedade, medo, depressão, pânico são algumas das condições mais comuns e a ideia do evento é acolher, informar e conscientizar professores, alunos e a sociedade em geral para a atenção especial que esse profissional deve ter.

“Insegurança no ambiente escolar, casos crescentes de agressões físicas e verbais de alunos contra professores, necessidade de levar trabalho para casa, remuneração abaixo das expectativas, são alguns dos motivos que somados a outros fatores podem causar o adoecimento psíquico dessa categoria profissional”, afirmou Luana Nunes, psicóloga e pesquisadora do Ambacs.

Luana Nunes (psicóloga): psicólogos encontraram profissionais em educação acometidos de algum problema psicológico. Foto: Rodrigo Índio/SN

Professor diz que é comum ver colegas gravemente acometidos de doenças

Alessandro Veloso, professor de história da rede estadual, falou ao Portal Seles Nafes do seu caso pessoal de adoecimento no exercício da profissão e também de como percebe o problema no ambiente escolar.

Alessandro afirmou que no início de semestres ou anos letivos um, dois ou até mais colegas professores que, aparentemente não tinham nenhum problema, acabam se afastando da sala de aula e da escola com licença médica. Quase sempre por problemas psicológicos.

“É um problema que temos que encarar. Os governos e as direções não previnem, mas todo mundo sabe que acontece. Todas as escolas têm esse problema, você chega depois das férias de julho e dois ou três professores se afastaram. Isso, inclusive, acaba sobrecarregando todos os demais professores”, contou.

Ambacs realiza atendimentos e promove ações em prol da saúde mental. Foto: arquivo

Para o educador, não há apenas uma causa específica do adoecimento docente, mas sem dúvida a falta de valorização do professor no Brasil, é uma das principais causas.

“Acredito que esse fenômeno vem se arrastando por décadas no Brasil e está relacionado com a própria função laboral do professor. O professor vem sendo vítima de ataques de todos os lados: arrocho econômico, falta de estrutura nas salas de aula, na escola, falta de plano de carreira e valorização da sociedade. Há até um certo esvaziamento da carreira”, contou o professor.

No seu caso pessoal, Veloso teve que se afastar da sala de aula. A depressão advinda de problemas familiares e sentimentais, se somaram ao abuso de álcool e drogas e remédios, e a sala de aula, a escola, formaram seu quadro geral de adoecimento.

Com tratamentos, apoio psicológico e uma restruturação da vida, Alessandro não está mais de licença e voltou a ser produtivo e a tocar a vida em frente.

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