Família que mora no lixo quer ir embora

Idoso de 73 anos contou rotina difícil em que renda diária da família chega em média a R$ 6
Compartilhamentos

Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Apertados em menos de 10 m², envolto de moscas, no chão de terra batida. Com um colchão, uma pequena televisão, um fogão e dezenas e dezenas de quinquilharias vivem três seres humanos.

A casa fica no Loteamento Amazonas, na zona norte de Macapá. O chefe da família é Raimundo Antônio Silva, o “Maranhão”, de 73 anos, catador de latinhas e de restos de lixeiras.

Além dele, seu filho de 21 anos e sua esposa também moram no local. A esposa, com hipertensão e diabetes, acabou indo passar uns dias na casa da irmã onde tem um pouco mais de suporte. Francisco Santos Silva, o filho, parou de estudar na terceira série do ensino fundamental e atualmente não trabalha.

Em meio ao lixo, fica o barraco improvisado onde a família mora. Fotos: Marco Antônio P. Costa/SN

Pato encontrado na rua vira almoço e janta

A história do seu Raimundo se confunde com a de milhares de retirantes nordestinos que buscaram o norte do país para tentar uma vida melhor. Ele conta que é natural de Matinha, município do Maranhão e que chegou ao Amapá em 1982.

Trabalhando sempre como braçal, a situação social da vida do homem foi se deteriorando cada vez mais. Pai de cinco filhos, ele está agora no segundo casamento. Sua renda diária, da venda das latinhas e dos entulhos que recolhe, é de aproximadamente R$ 6 por dia. Nem sempre há o que comer.

Um fogão velho…

 

… uma cama e uma TV…

 

… e nenhum conforto. Assim vive a família de Seu Raimundo

O almoço do dia e a janta na noite anterior tinham sido um pato guisado, que ele encontrou já pelado e morto ao lado de um lixeiro, no bairro Brasil Novo, também na zona norte da capital.

“Ontem e hoje comi um pato que achei na rua, ao lado do lixeiro. Ele já tava pelado e tava muito bom, vi que não estava estragado. Quando a mulher tá aqui eu faço uma graça, compro meia banda de galeto e a gente come com arroz”, contou Maranhão.

Rotina

A rotina do catador de latinhas começa cedo. Ele sai de casa às 04h30 da manhã e vai para frente do Terra Nova, esperar que possa entrar e começar a revirar as latas de lixo atrás de latinhas. Ultimamente, ele está preocupado, pois tem alguém rasgando os sacos e espalhando lixo, o que, obviamente, incomoda os moradores. Mas ele conta que todo mundo o conhece no local e pede que confiem no seu trabalho, pois ele nunca fez coisas parecidas.

Idoso sustenta filho e esposa catando latinhas

A sua casa é, na verdade, um barraco que o homem aproveitou um muro de um terreno particular para esticar algumas telhas cercadas por madeira que ele achou na rua. Seu banheiro é o meio do mato. O barraco é cercado de lixo. Uma lixeira viciada está em pleno processo de criação no lugar.

Pedido

Com tudo isso, Seu Raimundo confessa que está cansado.

“Meu maior pedido são dois caminhões. Quero levar as minhas coisas para um sítio, lá em Tartarugalzinho. Lá se eu plantar dois cachos de banana, um eu como o outro eu vendo. Acho que a vida vai melhorar”, pediu o trabalhador.

Seu Raimundo diz estar cansado e pede ajuda ´para voltar para Tartarugalzinho

A família precisa de doações de todas as espécies. Alimentação, roupas, dinheiro e, quem sabe, os dois caminhões que o homem pede para levar, “as coisas” dele. Que além da televisão, colchão e o fogão, são quatro máquinas de lavar velhas que ele catou na rua. 

Contatos com a família podem ser feitos através do telefone (96) 99114-5203, ou indo no barraco, que fica na Rua Itaquatiara, quase esquina com a avenida Rodrigues de Souza, no Loteamento Amazonas.

Seles Nafes
Compartilhamentos
Insira suas palavras de pesquisa e pressione Enter.
error: Conteúdo Protegido!!