“Somos a nova MPA!”, afirma atual geração do rap amapaense

Pretogonista e MC Deeh são expressões deste movimento musical no Amapá.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Afirmar que se é a nova Música Popular Amapaense (MPA) é uma saudável provocação do rapper ou “repeiro” – como prefere ser chamado – Pretogonista, na música “Flow Marabaixo”, que acaba de ter seu clipe lançado na internet.

Pretogonista é uma das expressões deste movimento musical no Estado. Junto com a MC Deeh, ele analisou para o Portal Seles Nafes a cena hip-hop no Amapá.

Nova geração do hip-hop amapaense intensificou produção artística do segmento musical. Foto: Marco Antônio P. Costa/SN

Falando de periferia, de raça, de contestação social e da defesa das raízes culturais amapaenses, o rap produzido no Amapá vive seu momento mais agitado e produtivo. Além dos discos, a explosão deste movimento se dá, principalmente, através dos clipes musicais, feitos com uma qualidade que salta aos olhos, apesar dos poucos recursos para produção.

Pretogonista é Jorge Felipe Silva de Araújo e MC Deeh é Ana Débora de Andrade Oliveira, ele com 23 anos e ela com 22. Os dois jovens moram juntos no conjunto Macapaba, zona norte de Macapá, e além das batalhas diárias de um casal, também dividem a militância no mundo musical do rap.

VEJA O CLIPE DA MÚSICA “FLOW MARABAIXO”, DO PRETOGONISTA:

O rap é a expressão musical, no ritmo e na poesia, do hip-hop, movimento cultural que nasceu em Nova Iorque em meados de 1970 e também agrega a dança, o grafite e as batidas dos disc jockeys, os DJ´s. MC Deeh, conta como começou seu envolvimento com o hip-hop

“Comecei como b-girl [dançarina] e logo depois me envolvi no ramo da música, porque eu sempre gostei, sempre escrevi, mas como eu era muito nova e não sabia como gravar, não sabia de nada, só depois que fui conhecendo os canais. Mas eu não me considero só do rap, eu também faço funk, posso fazer um melody ou reggae e outras coisas também”, relatou MC Deeh.

Para eles, viver de música ainda é um sonho. Mas, os dois seguem na batalha e esperam um dia chegar lá

Pretogonista, foi criado com rap. Seu pai (Poca) é um dos precursores do gênero no Amapá, sendo parte do primeiro grupo de rap em Macapá, o CRGV (Clã Revolucionário Guerrilha Verbal), fundado no final da década de 1990 e com gravação da primeira música “Pororoca Sonora”, no início da década de 2000. O rap amapaense, conta, nasceu perto das áreas de pontes do bairro Jesus de Nazaré, onde ele foi criado.

“Eu vejo que o rap é o segmento que mais lança trabalhos novos. Temos todo o respeito com nossos cantores, eles são referência para mim, mas eu falo que somos a nova MPA porque o rap está se tornando popular no Amapá. Além disso, MPA, para nós, tem dois significados: Música Popular Amapaense, mas também Música Periférica do Amapá”, declarou Pretogonista.

VEJA O CLIPE DA MÚSICA “MEU BONDE É ESSE”, DA MC DEEH

Música gringa?

Apesar de ter sido criada em Nova Iorque, os artistas que estão tocando esse movimento rejeitam qualquer estereótipo que lhes tache como reféns de um estilo e uma cultura gringa. Na verdade, eles preferem fazer um paralelo com o fato de que o rap é, historicamente, uma música de expressão dos guetos e periferias em todos os países.

Além disso, muitos desses artistas tem buscado o encontro com as raízes genuinamente locais. Por isso a mistura com ladrões e tambores, como na música “Flow Marabaixo”, onde o mesmo divide a performance com Paulo Bastos.

A qualidade da produção e clipes musicais salta aos olhos, apesar dos poucos recursos

“Eu acho que a música negra é só uma vertente. No rap tem muito a coisa do improviso, no Marabaixo é a mesma coisa. Tem um refrão, aí vem uma tia, uma preta velha e mete um improviso na hora. No reggae tem a mesma coisa. OIha pro samba, também. São galhos de uma mesma árvore”, explicou o repeiro.

Os planos são continuar fazendo a cena crescer e se desenvolver. MC Deeh está juntando recursos financeiros – próprios – para fazer um novo clipe em Belém do Pará. Enquanto isto, ele prossegue sua graduação no curso de Serviço Social e ela trabalhando como bartender.

Para eles, viver de música ainda é um sonho. Mas, os dois seguem na batalha e esperam um dia chegar lá.

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