Sem pagamento de aluguel social, autônomo volta a morar no lixo do antigo “Aninga”

Família, que vive da venda de panelas, voltou a morar em espaço insalubre, segundo o pai, após benefício ser cortado
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Por RODRIGO ÍNDIO

Imagine conviver diariamente com seus filhos em um ambiente insalubre, repleto de lixo, animais e insetos indesejados, entulhos, lodo e mal cheiro. Assim é a vida do vendedor de panelas Amarildo Cardoso Soares, de 50 anos, conhecido como seu “Baixinho”.

A família vive há mais de 10 anos no prédio abandonado do antigo Centro de Educação Socioeducativo de Internação (Cesein), também conhecido como “Aninga”, localizado na Rua Claudomiro de Moraes, no bairro Buritizal, zona sul de Macapá.

Em meio a muito lixo…

 

Seu Amarildo improvisou instalações para morar com os 3 filhos. Fotos: Rodrigo Índio/SN

Seu Amarildo detalha que chegou a ser procurado pela Secretaria Municipal de Assistência Social e do Trabalho (Semast). Ele diz ter sido ajudado com aluguel social, mas que o benefício foi cortado, o que fez retornar para o espaço pela falta de opção.

“Fico nesse prédio pela necessidade, ganho R$ 25 na diária da venda de panelas, mas nem toda vez recebo. Não tenho como pagar aluguel porque sou só eu e meus três filhos, não tenho esposa e eles me ajudam como podem. É minha única forma de viver”, detalhou.

Para sobreviver, …

 

… autônomo vende panelas

No espaço onde a família está há alguns colchões e sofás cheios de mofo, lençóis velhos e bastante lixo despejado por pessoas durante a madrugada.

“Luto todo dia para ter algo para comer e ainda brigo com quem vem para cá jogar lixo, só que eles me fazem ameaças, dizem que isso não é meu. Evito ao máximo que joguem algo aqui, esse amontoado de lixo é devido os dez anos de abandono do local, enquanto não me expulsarem ficarei aqui”, garantiu.

Prédio está abandonado há 20 anos

Na dispensa a família não tem nada, a água que bebem é a natural. Quem tiver interesse em conhecer um pouco mais da história do autônomo e de sua família pode ir até o local ou ligar para o número (96) 991235950.

Semast

A Secretaria Municipal de Assistência Social e do Trabalho (Semast) informou que o aluguel social é concedido eventualmente em situações de catástrofes e/ou sinistros, como no caso de incêndios, podendo ser prorrogado por até 6 meses, conforme prevê a legislação.

A Semast possui ainda programa habitacional com empreendimentos populares, oferecendo a beneficiários da Assistência Social de Macapá a oportunidade para ter a casa própria. Para concorrer por sorteio a uma unidade habitacional o usuário deve ter cadastro no Habit e estar atento ao processo de seleção. A secretaria ressaltou que o município tem um processo em andamento, o do Residencial Janary Nunes.

Pai revela que luta todos os dias para conseguir o que comer com os filhos

 

Abandono do “Aninga”

Abandonado desde o início dos anos 2000, o prédio do antigo Centro de Educação Socioeducativo de Internação (Cesein) continua aguardando a execução de um projeto da Companhia de Água e Esgoto do Amapá (Caesa) para construção do Centro de Reservação do Buritizal.

Um antigo projeto previa a implantação de dois reservatórios de 5 milhões de litros cada, além de dois sistemas de bombeamento que serviriam para abastecer as zonas sul e oeste da capital. Até agora nada foi feito.

Procurada, a companhia informou que o projeto está em avaliação na Caixa Econômica Federal e que, enquanto o processo não é concluído, não pode licitar nem iniciar as obras.

Seles Nafes
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