Bancos têm tumultos em Macapá

Enquanto corrida às agências bancárias aumentava, as autoridades anunciavam o primeiro caso confirmado do novo conoravírus no Amapá, nesta sexta-feira (20).
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Por RODRIGO ÍNDIO

Menos de 24 horas após o governo do Amapá anunciar um amplo decreto suspendendo atividades de serviços para reduzir a circulação e aglomeração de pessoas, as agências bancárias, que não estão inclusas nas restrições da medida, amanheceram lotadas em Macapá.

As principais unidades afetadas foram da Caixa Econômica Federal, onde houve tumulto e foi necessária a presença da Polícia Militar para conter ânimos.

Longas filas se formaram…

… em frente às agências da Caixa em Macapá. Fotos: Rodrigo Índio/SN

A coincidência de pagamentos de benefícios como Bolsa Família e Seguro Defeso teria levado à grande procura da população nas agências.

A taxista Nara Lopes disse que chegou às 8h30 na agência da avenida Iracema Carvão Nunes, no Centro de Macapá, para receber dinheiro que serviria para comprar alimentos e remédios. Impedida de entrar no banco, ela falou que sabendo da situação do covid-19 a agência poderia ter aberto as portas mais cedo. Desesperada, desabafou.

Nara Lopes: “fico indignada pela falta de organização do Banco, não é justo a população pagar por isso”

“Hoje não tenho dinheiro para comprar remédio de pressão alta para mim e pra minha mãe idosa, nem comida para minhas filhas, uma delas é prematura e está gripada. Só vim aqui porque perdi meu cartão e que já pedi há dias para a Caixa. Por isso, fico indignada pela falta de organização do banco, não é justo a população pagar por isso. Fecharam as portas na cara do povo, assim como eu, que não tenho nada na minha casa, muitos aqui não têm, é desesperador”.

Ainda na mesma agência, o tenente Oscar, do 6º Batalhão da PM, tentou controlar a situação.

Tenente Oscar tentou controlar a situação

“Houve uma determinação para a suspensão dos atendimentos hoje na agência por conta de aglomeração. Vai ser reagendado. Não tem como organizar aqui sem haver tumulto. Infelizmente vocês terão que retornar para suas casas”, disse o militar aos clientes que estavam na porta.

A todo momento os clientes que buscavam atendimento gritavam, demonstrando dúvidas e aborrecimento: “como faço pra voltar pra casa no interior sem dinheiro?”, “vocês vão levar comida pros meus filhos?”, “meu pai é doente e precisa de remédios, como vou comprar sem seu pagamento?”, foram algumas das indagações.

Na agência da Caixa na rua São José, a mãe de 3 filhos, Dayse França, usava máscara de proteção médica. Ela tentava receber um benefício e fazer pagamentos, que segundo ela, só podem ser feitos presencialmente no banco.

Dayse França tentava receber um benefício e fazer pagamentos

“Depois que eu receber vou me recolher, vim por necessidade. Medo eu tenho, mas preciso comer e ter dinheiro para prevenir minha família, estou me ariscando por eles”, justificou.

Dona Marilene da Costa Santos, de 61 anos, também estava na fila e se encaixa no grupo de risco. Em sua casa, moram dez pessoas e ela foi em busca do dinheiro do benefício do Bolsa Família. Perguntada se não é preocupante e sobre o risco que corre no ambiente aglomerado, ela argumentou.

Dona Marilene da Costa: “Tenho necessidade, então seja o que Deus quiser”

“Sim, é, não nego. Mas vou fazer o quê, meu filho? Tenho necessidade, então seja o que Deus quiser. Quero receber para ficar na quarentena com comida. Falam para a gente não vir mais, mas os políticos têm dinheiro, nós não. Medo eu tenho, muito, mas fazer o quê?”, opinou.

Um servidor do Banco do Brasil, que preferiu não se identificar, disse que os funcionários estão nervosos porque as orientações de evitar aglomerações não estão sendo seguidas nas agências desta rede.

A PM teve que ser acionada para controlar os ânimos…

… para evitar os tumultos

“As pessoas vieram para os bancos, formaram filas, tá tendo confusão e os funcionários estão em pânico porque as autoridades não estão fiscalizando e o banco só pensando no seu lucro e na sua renda, não liberou os funcionários. Estamos passando por um caos, os bancos não querem saber da saúde de seus funcionários que ficam expostos a essa multidão de pessoas. É uma grande irresponsabilidade da população e dos bancos. Pedimos fiscalização e medidas já que houve a confirmação da covid-19 em Macapá”, desabafou.

Os bancos ainda não se pronunciaram sobre o assunto.

Seles Nafes
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