Por RODRIGO ÍNDIO
Após 11 dias oficiais de investigação, a Polícia Civil do Amapá já comprovou o navio Anna Karoline III, que naufragou há duas semanas no sul do Estado, transportava carga acima do peso limite da embarcação.
Depois de colher depoimentos de fornecedores, transportadores, estivadores e até os compradores das mercadorias a bordo, o delegado Vítor Crispim, que conduz o inquérito policial sobre o caso, concluiu que o navio estava com 170 toneladas (T) de produtos.
Essa quantidade é, segundo registro da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) sobre o Anna Karoline III, 70 T acima da capacidade máxima da embarcação, que é de 100 T, sendo 89 no porão e 11 no convés principal.
Com relação às responsabilidades pelo acidente, Crispim também já ouviu o comandante do navio e dois militares da Capitania dos Portos do Amapá que fizeram a fiscalização antes do navio zarpar de um porto em Santana, município a 17 km de Macapá. O delegado não quis antecipar conclusão.
“A análise quanto a culpa ou dolo vai se concluir no decorrer do inquérito policial, é um caso muito complexo, então, somente no final da investigação é que veremos quem será eventualmente indiciado, se por homicídio culposo ou doloso eventual”, explicou Crispim.
Até aqui, de acordo com os depoimentos, a investigação levantou que havia cerca de 90 passageiros a bordo quando a embarcação naufragou.
Dois delegados do Estado do Pará auxiliaram Crispem nas oitivas feitas em Santarém (PA).
“Já ouvimos muitas pessoas, mas é importante que os sobreviventes venham até a 1ª DP de Santana prestar depoimento, pois toda informação e testemunho podem consolidar mais ainda o inquérito”, solicitou o delegado.
Itinerário
As investigações também comprovaram outra irregularidade além do excesso de carga: o navio Anna Karoline III não tinha autorização da Antaq para navegar na linha Santana (AP)/Santarém (PA) – trajeto que fazia quando ocorreu o naufrágio.
“Está comprovado. O próprio comandante, quando questionado a respeito, admitiu ter conhecimento de que o navio não poderia fazer aquela linha”, informou Crispem.
Reflutuação
O delegado Crispim também disse que irá juntar nos próximos dias à uma equipe de peritos para ir até o local do naufrágio coletar provas assim que a embarcação for retirada do fundo do Rio Jari, a chamada operação de reflutuação – que está prevista para iniciar no domingo (15).