Após caso positivo, hotel que abriga moradores de rua passa por desinfecção

Hotel e rua receberam a ação da prefeitura. Mulher que testou positivo era assintomática. Foto: PMM/divulgação
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

O hotel no Centro de Macapá que está abrigando cerca de 70 pessoas que antes dormiam nas ruas da capital, passou por desinfecção durante a manhã desta quinta-feira (09). O procedimento ocorre após a confirmação de um caso positivo para o covid-19.

Trata-se de uma pessoa do sexo feminino que estava assintomática, ou seja, não sentia e nem manifestava nenhum sintoma da doença, mas passou por um exame que testou positivo para o novo coronavírus. A mulher foi levada do abrigo para um hospital para evitar o contato com outras pessoas.

Rua onde funciona o hotel também recebeu ação. Foto: PMM/divulgação

Equipes da Prefeitura Municipal de Macapá (PMM) realizaram a desinfeção de todo o hotel e também da rua em que a hospedagem fica localizada. A rotina dessas pessoas e também dos vizinhos tem sido alterada com a situação.

Reclamações

Vizinhos reclamam que os novos moradores têm o costume de se aglomerarem fora do hotel, nas calçadas do outro lado da rua e nos imóveis do lado.

“O grande problema é que pela parte da manhã eles ficam fora, e era para eles ficarem dentro, porque esse é o pedido do governo, é ficar dentro de casa. Geralmente, na hora do almoço, eu acho que eles comem marmita, eles comem e jogam na rua as marmitas, e aí então, higienicamente, não é legal”, declarou um vizinho que preferiu não se identificar.

Medidas de higiene…

 

… foram reforçadas. Fotos: Marco Antônio P. Costa/SN

Rotina

Visitamos o hotel e conversamos com a coordenação do espaço e com hóspedes, que contaram como tem sido a rotina.

Keila Lobato, assistente social da PMM, fica na recepção do albergue provisório. Ela contou que a aglomeração do lado de fora ocorreu especialmente nesta quinta-feira (9), pois as pessoas tiveram que sair dos seus quartos para a desinfecção.

Vizinhos se queixam do fluxo de pessoas e aglomerações. Foto: Marco Antônio P. Costa/SN

Ela conta que o espaço tem funcionado bem, que não sabia de reclamações de vizinhos até então, e que estão abertos para conversar e realizar ajustes.

“Problemas existem em qualquer espaço, especialmente se tratando de pessoas em vulnerabilidade social”, afirmou.

Quanto à rotina, ela explicou.

“Tem os que saem durante o dia, para capinar, reparar carros, fazer bicos. Não podemos prendê-los aqui, mas tentamos convencer que fiquem. Outros não querem sair porque tem medo da doença. Eles têm que retornar até as 17 horas, não podem entrar com bebida alcoólica, entorpecentes, material perfuro-cortante e outros materiais”, contou Keila.

Alguns dos abrigados saem para trabalhar durante o dia. Foto: Marco Antônio P. Costa/SN

Existem quartos para 4, 3 e 2 pessoas e os moradores recebem café da manhã, almoço e janta. A assistente social conta ainda que vários deles comentam que estão usando o período para se “limpar”, e ficarem longe de alguma possível situação de abuso de drogas ou de álcool.

Leonardo Silva Reis tem 33 anos e está em situação de rua há quatro meses. Ele é natural de Marabá (PA) e separou da mulher aqui em Macapá. Depois, perdeu primeiro o emprego de churrasqueiro e depois o prumo da vida. Sem conseguir voltar, quando percebeu estava passando fome e dormindo na rua. Ele disse ter dormido nas cercanias do Parque do Forte. Durante a quarentena, tem capinado quintais e feito qualquer tipo de serviço que lhe ofereçam nas casas.

Leonardo Silva Reis: ex-churrasqueiro pretende buscar emprego fixo quando a quarentena passar. Foto: Marco Antônio P. Costa/SN

“Estou agradecido, não tenho nenhuma reclamação sobre como estamos sendo tratados aqui. Espero que isso passe logo e quando acabar eu quero conseguir um emprego fixo e poder eu mesmo voltar a me sustentar, como sempre foi”, finalizou.

Seles Nafes
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