Agenilson Pereira ao lado de menina atendida pela ONG Carlos Daniel. Filho de apenas 7 anos virou símbolo da luta contra o câncer
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Por SELES NAFES
Há exatos cinco anos, morria em São Paulo o amapaense Carlos Daniel, de 7 anos, depois de uma batalha de oito meses contra a leucemia. A perda, no entanto, mudaria a vida não apenas do pai, Agenilson Pereira, mas de dezenas de crianças assistidas pela ONG Carlos Daniel.
O impacto maior, evidentemente, ficou para o pai, que acompanhou todos os dias a batalha do filho nas extenuantes e doloridas sessões de quimioterapia em SP. Numa carta carregada de emoção escrita nesta terça-feira (21), Agenilson revelou como foram os momentos finais do garoto.
“Chorou de olhos fechados, e suspirou bem forte três vezes”, escreveu.
E numa autocrítica, Agenilson deixou claro que a via crucis de Carlos Daniel o conduziu a um caminho de renascimento interior, o levou a ser uma pessoa melhor.
Carlos (de camisa vermelha) no início do tratamento e com outro paciente do Amapá em SP.
No auge do tratamento em SP
Os últimos dias de Carlos foram em uma UTI. Fotos: Arquivo familiar
Velório de Carlos no dia 22 de abril em missa. Foto: Seles Nafes/Arquivo SN
5 ANOS – SAUDADE É O AMOR QUE FICA
No dia 21 de abril de 2015, exatamente às 15h35m de uma terça-feira em São Paulo, minha vida mudaria por completo. Nesse momento meu amado filho Carlos Daniel, de 7 anos, fazia sua passagem desse mundo em meus braços, lembro como se fosse hoje.
Ele chorou de olhos fechados e suspirou bem forte por três vezes… acho que ele queria dizer: estou indo pai. A vontade era de quebrar tudo e gritar bem alto, mas bem alto mesmo: meu Deus, por que fizeste isso comigo?
Mas Deus me preparou durante os 8 meses que estive ao lado do meu filho, que lutou bravamente contra o CÂNCER. Hoje, olho para trás e percebo como o CÂNCER mudou a minha vida para melhor.
Nunca chorei na frente do meu filho, mesmo sem ele saber da gravidade da doença me dizia: pai o senhor promete que não vai me deixar morrer… com o coração apertado eu dizia: jamais irei te abandonar filho.
Foi através da luta do meu filho que percebi o quanto eu era egoísta, mesquinho e covarde. Carlos Daniel me transformou em um outro homem através do seu Amor. Me ensinou que podemos mudar o mundo com pequenos gestos e amor ao próximo.
Agenilson Pereira dedica a vida a ajudar crianças com câncer na ONG Carlos Daniel
Arrecadação de brinquedos para crianças com câncer
Entre outras atividades da ONG, Agenilson Pereira dá palestras em escolas públicas. Foto: ONG Carlos Daniel
Família recebe ajuda para viagem em tratamento do câncer
Vestido de homem-de-ferro no Dia das Crianças
Arrecadação de alimentos
Em uma das várias sessões com crianças e adolescentes que venceram o câncer. Foto: Seles Nafes/Arquivo SN
Em encontro nacional sobre câncer
Sei que não sou perfeito, mas busco em Deus a força para lutar dia após dia por tudo que almejo em minha vida.
Este ano, a instituição que ajudei a fundar e que leva seu nome completa 5 anos. Posso até achar que é pouco tempo, mas parar, pensar e perceber quantas crianças e adolescente a ONG ajudou em busca do tratamento e da cura dessa maldita doença que muitas pessoas não gostam nem de pronunciar, não há dinheiro no mundo que pague por tudo que DEUS tem permitido em minha VIDA.
Agenilson Pereira: Através da luta do meu filho que percebi o quanto eu era egoísta
Hoje quero te agradecer filho, por ter me ensinado que cada um de nós tem uma missão nessa terra, mas precisamos aprender pelo AMOR ou pela DOR qual o papel de cada um nessa VIDA.
Tenho a plena certeza que um dia iremos nós reencontrar… Nosso AMOR é eterno.
Carlos Daniel, você permanecerá vivo até os últimos dias de minha vida em meu coração,
