“Pedi a Deus pra não morrer”, relata médica do Amapá com covid-19

A amapaense Mylla Pires Pinheiro Borges, de 28 anos, trabalha há 3 anos na UTI do Hospital Central de Macapá (HCM) e começou a sentir os sintomas da doença há cerca de duas semanas
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Por RODRIGO ÍNDIO

“É muito angustiante não conseguir fazer atividades básicas diárias, tomar banho era a pior hora do dia. Me sentava no chão e chorava, pedindo a Deus pra não morrer, porque parecia que estava me afogando. Não queiram passar pelo que passei, fique em casa”. Esse é o relato da médica generalista Mylla Pires Pinheiro Borges, que recebeu a confirmação do novo coronavírus na última segunda-feira (13).

A amapaense de 28 anos trabalha há 3 anos na UTI do Hospital Central de Macapá (HCM) e começou a sentir os sintomas da doença há cerca de duas semanas. Ela estava atuando na linha de frente no combate à pandemia quando teve contato com casos positivos e, mesmo tomando todos os cuidados e utilizando de diversos EPIs, foi infectada.

Após a confirmação do diagnóstico e estimulada por amigos, Mylla Borges decidiu gravar um vídeo e compartilhar nas redes sociais. O objetivo, segundo ela, é orientar e conscientizar a população que não está obedecendo a quarentena, nem levando a sério a gravidade da doença. Veja:

A médica é solteira e não tem filhos. Mora na zona sul de Macapá com seu pai, que é asmático e sua mãe idosa, ou seja, pessoas que fazem parte do grupo de risco. Mylla Borges está em isolamento desde que teve os primeiros sintomas.

“Estou isolada no meu quarto há 10 dias, saí apenas para ir ao hospital fazer exames. É uma situação difícil ficar isolada, mas é necessário pra evitar a propagação da doença”, comentou.

Sentindo na pele as complicações da covid-19, a profissional da saúde fez questão de enfatizar a gravidade do momento.

Mylla estava atuando na linha de frente no combate à pandemia quando…

… teve contato com casos positivos e, mesmo tomando todos os cuidados e utilizando de diversos EPIs, foi infectada. Fotos: Divulgação

“A doença é grave, é séria. Meus sintomas foram leves, não precisei de suporte de oxigênio, mas ficava verificando temperatura e saturação regularmente. Nem todos têm essa sorte, alguns precisam de internação hospitalar, uma menor parte de suporte avançado em UTI e um pequeno número que vai evoluir a óbito”, disse.

Ela busca conscientização da população através de sua experiência.

“O grande caso é número. Quando é só um número, as pessoas não tem empatia. Não quero que meus pais, avós ou qualquer um dos meus familiares façam parte desse número. Por isso fiz o vídeo, pra que esse número seja um rosto, um nome e assim sensibilizar a população da importância da quarentena. Foram 6 óbitos até agora, um número pequeno, mas pensem que são 6 pessoas, com passado, com família, 6 histórias que finalizaram”, ponderou.

Recomendação da médica no twitter

A médica faz mais um alerta.

“O vírus não anda sozinho, as pessoas estão levando, as pessoas estão contaminando umas às outras, se colocando em um risco desnecessário. O nosso sistema de saúde é precário, o número de leitos é limitado e o número de casos só aumenta. A quarentena é de suma importância pra se proteger, proteger a quem a gente ama e proteger o amor de alguém”.

A médica ficará em isolamento enquanto apresentar os sintomas.

Seles Nafes
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