Por RODRIGO ÍNDIO
Nesta terça-feira (12), é comemorado o Dia Internacional da Enfermagem. Durante o período da pandemia, a importância do trabalho desses profissionais não poderia estar mais nítida: são eles que recebem os infectados, os acolhem e checam diariamente suas condições físicas, emocionais e psicológicas.
São eles também, muitas vezes, as últimas pessoas que têm contato com aqueles que não resistem à doença. Em um bate-papo com alguns profissionais eles destacam que a data comemorativa este ano é de menos homenagens e mais luta pela vida. Para eles, cada vida salva é uma vitória.
Reginaldo Santos da Silva, de 40 anos, é enfermeiro desde 2007 e atua no setor de urgência e emergência da Unidade Básica de Saúde (UBS) Marcelo Cândia, que faz atendimento exclusivo para coronavírus em Macapá. Ele diz que esse dia 12 de maio é atípico de todos os anos por estar afastado da família e por ser um momento bastante difícil.
“O Dia das Mães não foi o mesmo, só choro e saudade. Estamos aqui dando a vida por pessoas que não conhecemos, mas trabalhamos com amor e dedicação. Cada vida que salvamos é o melhor pagamento que alguém poderia ter. E quando perdemos uma vida nossa autoestima fica abalada, nosso psicólogico fica abalado, nos entregamos por inteiro”, disse.
Com vários amigos do trabalho infectados, Reginaldo detalhou ainda como está sendo o enfrentamento à covid-19.
“Está sendo massacrante e estressante. Estamos para entrar em colapso, não temos quase estrutura. Muitas pessoas chegando com os sintomas e sendo detectado e às vezes, não temos o que fazer, e isso é o que mais dói. Mas saibam que estamos fazendo o possível e o impossível pelas pessoas”, garantiu o enfermeiro.
Karina Assunção Filocreão, de 26 anos, atuou por 4 anos no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) do Serviço de Assistência Especializada (SAE). Atualmente, é diretora da UPA da Zona Norte. Para ela, o momento desafiador mais do que nunca é de reflexão, luta e união.
“Somos capazes e competentes, pois a luta pela nossa profissão começa por um movimento interno em cada um de nós. Precisamos erguer a cabeça, não nos entregar, e sim ir melhorando ainda mais para ajudar a quem precisa”, comentou.
Nessa pandemia, Karina pondera que por serem profissionais da assistência e do cuidado, acabam se tornando confidentes de pacientes e familiares. Para a enfermeira, tudo isso vai além da profissão e atinge o lado humanitário, já que na luta contra a covid todos vêem no profissional da saúde a esperança da vida.
“Cada vida salva é uma vitória. Os enfermeiros estão lidando também com as questões existenciais do indivíduo, mostrando que nós, além de tudo que já fazemos, sabemos trabalhar com o sofrimento humano num momento de fragilidade social como o que estamos vivenciando”, concluiu Filocreão.
Reginaldo e Karina falaram em nome de diversos profissionais que estão nas unidades de saúde ou em casa na quarentena depois de serem infectados pela covid.
O Conselho Regional de Enfermagem do Amapá (Coren/AP) informou que no Brasil cerca 13 mil enfermeiros estão afetados pelo novo coronavírus e 98 já perderam a vida decorrente da nova doença. A instituição detalhou que os números no Amapá até o dia 28 de abril, apontavam que 140 profissionais estavam infectados e um óbito havia sido registrado.
Inclusive, a Presidente do Coren-AP, Emília Pimentel, está em isolamento com a covid. A entidade fala ainda que há grande subnotificação.