Por JÚLIO MIRAGAIA
Há dois meses, era o Amapá que se preocupava com os casos de covid-19 na Guiana Francesa e havia defesa de fechamentos de fronteira com o departamento francês. Hoje, ocorre o inverso.
De acordo com o portal “Franceinfo”, nesta segunda-feira (11), tanto a França quanto a Guiana já se mobilizam em direção a um progressivo desconfinamento após a crise do vírus, enquanto o Amapá tem uma escalada de casos confirmados.
O noticiário fala também que cerca de 46% da população segue as regras de contenção, o que considera pouco para impedir o avanço da pandemia. É destacado ainda que em uma semana o número de casos dobrou no estado e que a rede hospitalar começa a ficar saturada.
“Lembro que no dia 10 de março gravei um vídeo e enviei um ofício ao Ministério das Relações Exteriores preocupado com o aumento de casos na Guiana. Agora que a Guiana conteve a epidemia, os casos crescem aqui e em todo o país. O Brasil tem o dobro de casos de toda a América do Sul”, comentou o senador Randolfe Rodrigues.
“Claramente o isolamento social em nosso país fracassou diante de sabotagens. A Guiana reduziu porque as medidas lá foram radicais, enquanto aqui elas foram sabotadas ou não foram cumpridas”, avaliou.
Leia abaixo a íntegra da reportagem traduzida para o português.
Enquanto no mundo e na França estamos nos movendo em direção a um progressivo deconfinamento após a crise de saúde Covid-19, no Brasil no estado do Amapá, vizinho da Guiana, a propagação do vírus continua.
Catherine Lama – Publicado em 11 de maio de 2020
O isolamento não é como deveria ser no Amapa. Cerca de 46% da população segue as regras de contenção, isso é muito pouco para impedir a propagação do Covid-19. A pandemia está se intensificando, o número de casos positivos de coronavírus dobrou em uma semana e os hospitais e centros de acolhimento estão saturados.
Condições de contenção mais rígidas
Estamos caminhando para um aperto da contenção solicitada pelas autoridades de saúde. A justiça decidirá sobre o encerramento total do estado e o governo federal, já que o município de Macapá deve implementar o sistema regulatório. Portanto, haverá um controle dos movimentos das estradas, pontos de bloqueio nas saídas e entradas dos estabelecimentos comerciais de Macapá.
O sistema de saúde está à beira do colapso
Laboratórios que precisam analisar mais de 700 amostras diariamente não podem lidar. O principal laboratório macapaense não possui meios para garantir as análises que continuam sendo enviadas a Belém, no Pará.
Assim, em duas semanas, a taxa de pessoas infectadas triplicou (280,1 casos por 100.000 habitantes). É em Santana, a cidade portuária da periferia de Macapá, que essa taxa aumenta mais. O diretor da SVS (Superintendência de Vigilância Sanitária), Dorinaldo Malafaia, declarou em 6 de maio:
“… De acordo com os números que temos aqui, é provável que cheguemos a cerca de 4.000 na próxima semana, de 4 a 5.000. Estamos apenas falando de casos confirmados, é claro que sempre há o problema das sub-notificações, como em qualquer outro país ou estado …
Dados do boletim de 10 de maio
Amapá: 2.613 casos confirmados – 4.942 casos suspeitos – 707 pessoas curadas e 72 mortas
Macapá: 1.790 casos confirmados – 3.517 casos suspeitos
Santana: 397 casos confirmados – 709 casos suspeitos
Oiapoque: 54 casos confirmados – 112 suspeitos