Faleceu seu Osmar, rimador popular de Macapá

Agente de portaria escolar do antigo Território Federal, idoso era conhecido por frequentadores da Praça Chico Noé pelo bom humor
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Na manhã desta terça-feira (26), faleceu aos 79 anos seu Osmar Uchôa, em sua residência, provavelmente vítima da covid-19. Seu Osmar, “Telecoteco”, “Bem-te-vi” ou “Velho Oco” era um dos “personagens” da chamada Macapá antiga que ainda estava vivo.

A família contou ao Portal SelesNafes.com que o idoso estava gripado há cerca de 10 dias e, por volta das 2h da madrugada de hoje, um dos filhos o levou ao Hospital de Emergências de Macapá (HE). Com falta de ar, ele recebeu os primeiros atendimentos. Mas, um acidente de carro ocorrido no mesmo horário, fez com que os médicos de plantão tivessem que dar maior atenção às vítimas do acidente, conforme informaram os familiares, que então decidiram o levar de volta para casa.

Seu Osmar havia completado 79 anos no mês passado. Foto: arquivo familiar

De volta à residência, seu Osmar foi encontrado já sem vida em sua rede pela manhã, quando iria sair para fazer exames.

Segundo a família, ele não sentia febre, mas há dias tinha outros sintomas como a falta de ar e diarreia. O exame de pulmão seria feito durante a manhã.

“Ele não tinha perdido o apetite, mas nesse dia, realmente, tinha comido pouco. Ele voltou do HE, conseguiu dormir e quando eu fui acorda-lo eu vi que ele estava diferente. Chamei meu irmão e falei ‘mano, acho que o papai faleceu’ “, contou consternada Maria Helena dos Santos Uchôa, filha de seu Osmar.

Seu Osmar divertia frequentadores da Chico Noé, imitando passarinhos e fazendo rimas. Foto: Rodrigo Índio/arquivo SN

A história do Seu Osmar

Agente de portaria escolar do antigo Território Federal do Amapá, seu Osmar – ou conhecido como algum de seus muito apelidos – povoou o imaginário de gerações e gerações de macapaenses com seu senso de humor, expressado pelas piadas, e, principalmente, pelo raciocínio rápido de repentista, que rimava de forma jocosa qualquer desafio lançado por um interlocutor.

Passou por escolas da rede estadual como o Colégio Amapaense e o então Ginásio Maculino, o GM, hoje Escola Estadual Antônio Cordeiro Pontes. Sua última e marcante passagem foi na escola Azevedo Costa, no bairro do Laguinho.

Morador do Pacoval, sua presença para assistir aos jogos na Praça Chico Noé era marcante. Ali se fazia piadista, imitador de passarinhos e levava alegria aos frequentadores.

Praça Chico Noé perde um dos seus mais ilustres frequentadores. Foto: arquivo SN

Idoso ‘levado’, não ficava parado em casa, conta a neta Jaqueline Uchôa. Pegava ônibus e ia parar na Fazendinha ou em Santana e por vezes era trazido para casa por algum conhecido.

Tinha problemas, sofria de epilepsia. Em alguns ataques que teve, acabou caindo nas arquibancadas da Chico Noé e chegava machucado em casa.

Nos últimos dias, falava que queria sair pra ir na praça assistir jogo e “dar uma voltinha”. No mês passado, soprou as velhinhas daquele que seria seu último aniversário em vida, deixando saudades para família, amigos, admiradores e moradores de uma Macapá antiga que acaba de perder mais um de seus personagens ilustres.

Seu Osmar foi sepultado por volta das 13h30, no cemitério São Francisco de Assis, na zona norte da capital.

Seles Nafes
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