Jovem que se jogou do 2° andar de escola lança música de superação

MC Deeh tentou tirar a própria vida se jogando do Colégio Amapaense, no centro de Macapá. Hoje ela ajuda as pessoas e conta como deu a volta por cima.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

No dia 30 de abril de 2014, por volta das 11 horas da manhã, Ana Débora de Andrade Oliveira, então com 16 anos, tentou tirar a própria vida se jogando do segundo andar do Colégio Amapaense, no centro de Macapá.

Seis anos depois, muito melhor e em constante processo de recuperação, hoje com 22 anos, ela também tem o nome artístico de MC Deeh e acaba de lançar a música intitulada “188”, onde fala sobre sua volta por cima.

MC Deeh continua fazendo acompanhamento psicológico, terapia em grupo, acompanhamento psiquiátrico. Fotos: Arquivo Pessoal

“Olha só, escutei vocês, me joguei de cabeça, a vida me abraçou”, diz um trecho da música, onde ela retrata as noites de insônia, as mutilações e parte do processo que sofria desde a infância, quando aos 16 anos recebeu o diagnóstico de depressão e ansiedade.

Este trecho da música faz referência ao que diziam na época, na escola e na internet, que ela teria cometido o ato de desespero para chamar a atenção ou por um namoro.

A jovem esclarece que passa por acompanhamento psicológico desde criança e que naqueles dias tinha problemas com testes de paternidade, maus tratos domiciliares e rejeição, o que lhe causava falta de vontade de viver.

Ficou um mês e dezesseis dias sem caminhar, três meses afastada da escola, mas tudo foi passando. Não existe mágica, nem cura de forma simples, mas com tratamento hoje ela fala abertamente sobre o assunto e decidiu compor a música.

Ela dedica-se ao seu trabalho artístico como parte da terapia

“188” é uma referência ao serviço de atendimento à crise suicida CVV (Centro de Valorização da Vida), que funciona neste número 24 horas por dia.

Volta por cima

A jovem conta que até hoje as coisas não são fáceis, mas que, fazendo tratamentos e com a dança, a música e tentando ajudar outras pessoas, tem conseguido dar a volta por cima.

Ela tenta ajudar as pessoas a chegar a um equilíbrio

“Eu continuo fazendo acompanhamento psicológico, terapia em grupo, acompanhamento psiquiátrico, tomo medicamentos para depressão e ansiedade e eu procuro ajudar as pessoas que acho que posso ir tentar levar um equilíbrio. Não consigo sentir a mesma dor, mas consigo levar uma mensagem”, contou MC Deeh.

Em outro trecho da música ela diz que “seis anos se passaram e eu saí ilesa” e essa é outra parte que Ana Débora ressalta, sobre o perdão, sobre o acolher, o deixar as mágoas pequenas para trás.

MC Deeh faz várias performances em eventos de Macapá

“Nas redes sociais as pessoas eram muito maldosas. Eu recebi muitas mensagens pedindo perdão, porque naquele tempo muita gente ainda era ignorante sobre quando se tratava de problemas psicológicos, e como falo no depoimento após o clipe, eu estou liberando perdão, mas peço que entendam as pessoas, que tenham empatia e ajudem ao próximo”, finalizou MC Deeh.

Seles Nafes
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