Rio Oiapoque transborda e invade vila na fronteira com a Guiana

Comunidade fica na região do Alto Rio Oiapoque, a cinco horas de viagem da sede no município no extremo norte do Amapá.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Após a maior cheia dos últimos 20 anos na região do Alto Rio Oiapoque, a cinco horas de viagem da sede no município no extremo norte do Amapá, moradores do distrito de Vila Brasil, reclamam da falta de água potável, alimentos para as famílias mais carentes e apoio do poder público. A região fica na fronteira do Brasil com a Guiana Francesa.

O relato foi feito ao Portal SelesNafes.com pelo agricultor Valdemar Fernando da Silva, de 44 anos, mais conhecido como “Bigode”.

Segundo ele, há cinco anos não ocorria cheia do Rio. A deste ano teria sido a maior dos últimos 20, alagando boa parte das casas. A alta começou no dia 1º de maio e se estendeu até o dia 5. Agora o rio já baixou e está quase em seu nível normal.

Vila Brasil em dias normais. Foto: Humberto Baía

Problemas

As aguas invadiram as casas e os moradores tiveram que fazer compartimentos elevados ou subir para casa de vizinhos que estão construídas em níveis mais acima da vila. Uma grande ação teve que ser feita para salvar eletrodomésticos e outros utensílios do lar.

Entretanto, os poços da vila foram invadidos e contaminados pelas águas do rio e a comunidade reclama que o único posto de saúde está fechado.

Valdemar, o Bigode: “queria que alguém mandasse uma ajuda pra gente”. Foto: Arquivo Pessoal

“Nós estamos precisando de água potável. Algumas pessoas precisam de cestas básicas, o posto de saúde está parado, não temos médico, não temos enfermeiros, não tem a gente de saúde. Eu queria que alguém mandasse uma ajuda pra gente. A água já está baixa, mas fez muito estrago aqui”, declarou o agricultor Valdemar.

Segundo ele, no distrito de pouco mais de 200 habitantes não há nenhum caso de covid-19 registrado. Mas, boa parte do atendimento em saúde que a população recebe é feito em Camopi, do lado francês da fronteira, bem em frente à Vila Brasil, que atende os brasileiros que vão pedir ajuda.

As viagens de voadeira para a sede do município duram cinco horas e as passagens custam R$ 150, o que dificulta o trânsito das pessoas do lado brasileiro.

“A gente se encontra nessa situação, não temos ajuda de ninguém. Vieram aqui e pegaram nosso CPF e identidade para cestas básicas, mas cancelaram. A vigilância sanitária ia vir, mas também não veio. Somos Brasil também”, reivindicou Bigode.

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