Diabético e hipertenso, autônomo é um dos 6.000 curados do Amapá

Jucilan Lopes Teixeira, de 46 anos, ficou 29 agoniantes dias no Hospital de Emergência de Macapá, mas recebeu alta médica recuperado.
Compartilhamentos

Por RODRIGO ÍNDIO

Tinha tudo para dar errado. O autônomo Jucilan Lopes Teixeira e sua família sabiam disso — o que tornou aqueles 29 dias ainda mais angustiantes. Diabético e hipertenso, o homem de 46 anos ainda esbarrou na assistência hospitalar precária na luta contra o novo coronavírus.

Mas, com “fé”, neste final de semana ele teve a confirmação de que venceu a doença. Jucilan Lopes contraiu a covid-19 ao manter contato com seu sobrinho infectado. Ele procurou a Unidade Básica de Saúde do bairro Marabaixo, fez o teste de escarro, mas até hoje não recebeu o resultado.

No corredor do hospital…

… Jucilan convivia com corpos e viu a morte de perto. Fotos: Arquivo Pessoal

Nesta segunda-feira (8) completou 32 dias desde o primeiro sintoma. Sem diagnóstico, no 8° dia os sintomas estavam intensos. Tinha muita tosse, fraqueza, dor no corpo e febre. A família custeou uma tomografia em uma clínica particular. O exame atestou que ele estava com 60% do pulmão comprometido pelo coronavírus.

“O rapaz da clínica nos orientou a procurar o hospital urgente. Fomos pro HE e o médico o internou de imediato. Ele ficou 6 dias no corredor, no calor, não tinha medicações, nós compramos muitas, como: clexane, tamiflu, aminofilina, e até mesmo soro porque não tinha pra diluir a medicação. Com outros 2 dias ele foi pra uma enfermaria, no dia em que veio o repórter nacional [Roberto] Cabrini”, comentou a filha, Vanessa Costa.

Vanessa Costa e o pai quando receberam a notícia da alta médica

A dentista conta ainda que ela e o pai presenciavam óbitos com frequência no Hospital de Emergência de Macapá. Às vezes, os corpos ficavam embalados no corredor em meio a outros pacientes, por um período de 7 horas, até a funerária ir buscar. Jucilan Lopes tinha medo de ser o próximo. Foram horas e dias de muita oração.

Depois de ter visto a morte literalmente de perto, o autônomo fez uma outra tomografia, que desta vez atestou 25% do pulmão comprometido – uma redução nas lesões. No dia 24 de maio a médica plantonista orientou continuar o tratamento em casa, por causa do risco ser maior no hospital e por conta da carga viral.

Antes de receber boa notícia Jucian agonizou por 29 dias em corredores…

… e enfermaria do Hospital de Emergência de Macapá

Já na primeira semana de junho não apresentava mais nenhum sintoma da doença. Após mais uma consulta veio a boa notícia. Mesmo com todas as comorbidades e dificuldades de assistência médica, Jucilan havia vencido o vírus.

“Foram momentos difíceis, eu não conseguia nem dormir por conta dos fortes sintomas e do movimento [nos corredores do HE] dia e noite. Foram dias de luta. Sem as mínimas condições no hospital, mas com a graça de Deus eu venci e pude voltar vivo para minha família, para minha casa. Glória a Deus”, celebrou Jucilan.

Autônomo comemorou com a filha, esposa e duas novas amigas que estavam com familiares com covid no HE

Quem o acompanhou no HE também acabou se infectando, como a filha Vanessa. Todos estão em recuperação, mas com muita força e fé para, brevemente, também celebrar a vitória contra o inimigo invisível, assim como fez o patriarca da família.

Seles Nafes
Compartilhamentos
Insira suas palavras de pesquisa e pressione Enter.
error: Conteúdo Protegido!!