Fake news: Polícia Civil indicia 5 internautas no Amapá

Eles são acusados de criar e disseminar falsas notícias sobre respiradores na casa do governador e venda de aparelhos para a rede privada
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Por SELES NAFES

Cinco pessoas, a maioria comunicadores de redes sociais, foram indiciadas pela Polícia Civil do Amapá no inquérito que apurou a criação e disseminação de uma notícia falsa logo no início da pandemia do novo coronavírus.

As postagens e áudios faziam afirmações sobre a existência de leitos de UTIs na residência do governador Waldez Góes (PDT), e sobre venda de respiradores públicos para a rede privada.

Durante um mês de investigações, o delegado Leandro Leite, da 6ª DP de Macapá, rastreou mensagens, áudios, tomou depoimentos e esteve na casa do governador, na zona oeste de Macapá, onde nada foi encontrado.

Para a polícia, ao afirmar que haviam leitos de UTIs com respiradores no imóvel, o boato dava a entender que se tratava de uma precaução do governador para proteger familiares, enquanto a rede pública estava abandonada.

A polícia concluiu o inquérito na quinta-feira (18), e o Portal SelesNafes.Com teve acesso ao relatório final. De acordo com as investigações, a origem de tudo foi um áudio compartilhado em um grupo de WhatsApp.

O participante que colocou o áudio no grupo, afirmava que um amigo que é médico tinha visto os equipamentos na residência de Waldez Góes, e que eles seriam da rede pública.

O áudio acabou sendo compartilhado em outros grupos e viralizou rapidamente, dando início a uma campanha nas redes sociais conduzida por integrantes de partidos de oposição.

Em depoimento, o acusado que originou a confusão disse que tudo se tratava de brincadeira, e que ele não imaginava que ganharia tanta repercussão.

Outra postagem afirmou que respiradores estavam sendo desviados para hospitais privados

Depois de tomar o depoimento dos principais envolvidos, a Polícia Civil decidiu indiciar pelos crimes de calúnia e difamação as seguintes pessoas.

“Jota Júnior”, radialista: ele é apontado como a pessoa que iniciou o compartilhamento do fake começando por seu perfil no Facebook. Ele está indiciado em outro inquérito que apurou o crime de ódio a judeus (antissemitismo), numa publicação que atacou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM).

Procurado pelo Portal SN, o radialista confirmou que não checou a informação sobre os respiradores antes de fazer a postagem. Em seu perfil no Facebook, ele fez uma espécie de convocação da Polícia Federal afirmando que tinha áudios que demostravam a irregularidade na residência de Waldez.

“Tinham muitas pessoas morrendo nos hospitais, e quando eu recebi o áudio acabei me empolgando. Eu deveria primeiro ter enviado direto para a Polícia Federal antes de divulgar”, disse ele.

José Marcos Gouveia Batista, participante do grupo de WhatsApp: teria produzido a fake news, afirmando que um médico teria ido à casa do governador e visto os equipamentos. Em depoimento, ele disse que se tratava apenas de uma brincadeira. O Portal SN não conseguiu contato com ele.

Adler Neves. De acordo com o inquérito, ele não apenas compartilhou a fake de Jota Júnior, como endossou a falsa notícia chamando o episódio de “La Casa de Waldez”. Ele também fez uma montagem com uma foto de Waldez ao lado de um leito de UTI.

Procurado pelo Portal SN, Adler disse que não foi o autor, e assim, “apenas” compartilhou a postagem de Jota Júnior.

“Não repliquei o fato de ter respiradores na casa dele (Waldez). O que eu fiz foi citar o fato de o Jota Júnior ter dito isso. Eu tive a hombridade de colocar que o cara (Jota Júnior) tinha afirmado”, defendeu-se.

Adler Neves chamou o episódio de “La Casa de Waldez”

Karlyson da Silva Rebolça, administrador da página “Me Solta Amapá”, no Facebook. Também teria compartilhado a mesma postagem de Jota Júnior. A página é conhecida por satirizar políticos. 

Procurado pelo Portal SN, ele primeiro criticou o STF ao qual chamou de “carrasco da liberdade de expressão”. Depois, entrando no assunto, disse que ficou sabendo sobre a suposta existência de respiradores na casa do governador. Quando decidiu pesquisar, acabou encontrando o assunto no perfil de Jota Júnior.

Karlyson citou o artigo 5º, inciso XIV, da Constituição Federal, que assegura o direito de informar e ser informado.

“(…) Reitero aqui que, tanto a informação quanto a denúncia tem que ser investigada, ou seja, é a investigação isenta e completa que dirá se aquilo é verdade ou mentira. Jamais irei coadunar com a veiculação de notícias falsas em minhas redes sociais”.

“Sigo firme e forte contra os figurões políticos do meu Estado. Essas perseguições não irão me acanhar, muito menos fazer com que eu desista de sempre estar do lado do povo amapaense”.

Assim, deixo registrado aqui uma passagem bíblica como reflexão: João 8:32 “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.

Jacione Monteiro de Moura, servidora pública. Ela teria sido a primeira pessoa a encaminhar para Jota Júnior os áudios com a fake news, segundo afirma a Polícia Civil.

Procurada pelo Portal SN, ela não atendeu às ligações e nem respondeu mensagem enviada.

Seles Nafes
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