No Amapá, criança autista chora ao dizer que foi agredida na escola

Família processa escola e acusa professora. Escola nega acusações, e garante que oferece total segurança a alunos com necessidades especiais
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Por RODRIGO ÍNDIO

Uma mãe acusa a professora de um berçário-escola particular, localizado no bairro Pacoval, de agredir seu filho autista de apenas 4 anos. A instituição negou as acusações.

De acordo com a versão da família, seria a primeira vez que o menino iria estudar. Como a criança foi diagnosticada com um grau leve de autismo, a mãe procurou por uma instituição que oferecesse condições de atendimento educacional adequado.

Segundo a denúncia, no dia 27 de janeiro, Maria Luíza da Silva Ribeiro deixou seu filho no berçário acompanhado de um laudo em mãos. A mãe afirma que a direção da escola garantiu que era especializada para cuidados com crianças especiais, inclusive com três professoras disponíveis.

Com receio do que poderia acontecer, já que a criança nunca havia ficado sem sua companhia e poderia chorar por conta de adaptação ao ambiente, ela solicitou ser avisada se houvesse qualquer problema.

Mãe relata que teria sido impedida de entrar na escola ao ir buscar o filho. Fotos: arquivo pessoal

Maria Luíza conta que chegou a mandar mensagem via Whatsapp para saber como o filho estava e a direção informou que a criança havia chorado pouco. Ela então estranhou e foi verificar o que estaria ocorrendo.

De acordo com o advogado da família, Osny Brito, quando a mãe chegou ao local foi impedida inicialmente de entrar na escola. Quando recebeu seu filho, veio o desespero ao ver o menino chorando muito e lesionado em um dos braços.

“A mãe foi surpreendida ao encontrar o seu filho com marcas de unha e vermelhidão no braço. Ao perguntar do filho o que aconteceu, este informou que teria sido a professora e que ainda teriam lavado o braço no afã de tentar ocultar o crime”, detalhou Osny.

O advogado disse que a família irá processar a instituição, assim como a diretora da escola.

“Revoltada com a ação da escola que não avisou sobre o fato, devolveram a matrícula, sendo evidente a responsabilidade objetiva da escola, pois a autora deixou o seu filho na escola para ser educado, e este foi agredido por aqueles que tinham o dever de cuidar”, acusou Osny.

Advogado Osny Brito: caso será judicializado

Ele acrescentou que a criança está completamente traumatizada e que perdeu um ano escolar. O processo, com os crimes de lesão corporal e danos morais, está tramitando na 6ª Vara do Juizado Sul de Macapá. Mas, devido à pandemia, a previsão é que a primeira audiência ocorra somente no 2° semestre de 2020.

Versão da escola

A instituição informou ao Portal SelesNafes.Com que a professora envolvida no caso não foi demitida, e que o caso foi esclarecido na esfera administrativa.

A escola negou todas as acusações, e garantiu que oferece total segurança para os alunos, especialmente para crianças autistas e com outras necessidades especiais.

“A escola entende que informações precipitadas e imprudentes contrárias aos que por ora expomos foi baseado em um processo que acabou de iniciar, que sequer teve citação para contestar os fatos. Os fatos narrados não podem demonstrar à sociedade qualquer despreparo da nossa instituição com os alunos TEA, pois tal situação trata-se de acontecimento isolado em que houve o devido auxílio, não havendo culpa ou qualquer despreparo, conforme já está sendo comprovado na esfera administrativa”.

A escola enviou ao Portal SN a mesma nota que encaminhou para a TV Record, que também abordou o assunto. 

NOTA DE ESCLARECIMENTO

A Prime Berçário Escola vem a público se manifestar acerca da denúncia veiculada na TV Record sobre a suposta alegação de agressão e maus tratos com ex aluno.

A instituição de ensino nega que tenha ocorrido qualquer violação à integridade de qualquer criança, sendo inverídicas as alegações apresentadas. Esclarece que há 6 anos trabalha com total segurança e respeito aos seus alunos, garantindo uma estrutura física e pedagógica preparada para receber e ter todos os cuidados com as crianças, especialmente aquelas que apresentam o Transtorno de Espectro Autista, sem nunca ter sido registrado qualquer situação de agressão ou algo similar na instituição.

Desde sua fundação a Escola Prime atende inúmeras crianças com necessidades específicas, que recebem todo amparo e cuidado relacionados ao seu desenvolvimento. A equipe técnica de colaboradores é capacitada e orientada sobre
como devem agir nas mais diversas ocorrências de contato cotidiano com as crianças. De modo que mais uma vez ressaltamos que nunca houve na escola nenhum fato que ofendesse ou atingisse negativamente a integridade física e psíquica das crianças.

Alunos autistas estão incluídos nas turmas regulares de ensino, desfrutando da socialização, interação e inclusão que fazem parte do desenvolvimento saudável de toda criança. A parte pedagógica recebe todas as orientações necessárias para lidar de
forma segura e competente com nossos alunos.

A escola informa, ainda, que possui outros alunos autistas que compõem a sociedade escolar desde a sua formação, assim como alunos com outras necessidades especiais.

A instituição é toda pensada e voltada para o desenvolvimento completo das nossas crianças, com um ambiente que estimula a autonomia, conhecimento corporal completo, interação e convívio social saudável, com um quadro de 25 funcionários que hoje atendem 9 turmas de educação infantil e ensino fundamental I.

A escola entende que informações precipitadas e imprudentes contrárias aos que por ora expomos foi baseado em um processo que acabou de iniciar, que sequer teve citação para contestar os fatos. Os fatos narrados não podem demonstrar à sociedade qualquer despreparo da nossa instituição com os alunos TEA, pois tal situação trata-se de acontecimento isolado em que houve o devido auxílio, não havendo culpa ou qualquer despreparo, conforme já está sendo comprovado na esfera administrativa.

Depois de tempo e com tudo sendo apurado, entende, ainda, que os fatos serão esclarecidos, e no momento oportuno tomará as providências judiciais cabíveis que o caso requer.

Seles Nafes
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