Os 537 dias de Bolsonaro

Para articulista, país está sob o domínio do fanatismo ideológico e pandemia é ignorada
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Por ARTEMIS ZAMIS

Hoje (21), estamos completando 537 dias do governo do presidente Jair Bolsonaro. E em meio a assustadora marca de mais de 50 mil mortos e mais de um milhão de casos confirmados pelo novo coronavírus, nessa que é a pandemia mais grave desde a gripe espanhola de 1918, período em que morreram em torno de 50 milhões de pessoas no mundo, com cerca de ¼ da população mundial infectada.

O governo assiste absorto, inerte e atabalhoado, o implacável avanço da covid-19 em todo o país. É o único país do mundo que em meio a enorme crise de saúde que nos atinge, não tem um ministro específico para cuidar e tratar de maneira responsável esse que é o mais grave de todos os problemas que ora nos atinge.

Não se vê nem um movimento do governo no sentido de tentar conter o avanço da letalidade da pandemia, nem sequer estudos e atitudes que possam minimizar o sofrimento por que passa grande parte da nossa população.

O auxílio emergencial de R$ 600 que o Congresso aprovou à revelia do governo, que queria na verdade que fosse de R$ 200, não chega em todos os que precisam e aos poucos que chegam, vem sempre carregados de toda dificuldade de saque possível, demonstrando todo o despreparo e todo o desprezo que o governo tem por seu povo. Por que não mais é dado o devido valor a vida? Por que abandonaram os mais pobres? Como imaginam uma economia sem trabalhadores?

Presidente Jair Bolsonaro participa de manifestação, em Brasília. Fotos: reprodução

O que assusta, de fato, é que são 537 dias de escândalos na família e no governo como um todo. Assusta a ministra da pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos pedir a prisão de governadores, assusta um ministro da Educação pedir a prisão de ministros do STF, ser alvo de inquéritos.

Assusta um ministro do Meio Ambiente se valer da pandemia pra deixar que “a boiada do desmatamento passe”, assusta todos os dias ver o presidente inadvertidamente atacar um ou outro poder da República. Assusta saber que é por tudo isso que não lhe sobra tempo para pelo menos aprender a governar.

São 537 dias de tormenta e desesperança. Dias sombrios onde prepondera apenas ameaças a desafetos, às instituições. O Brasil está sob o domínio do fanatismo ideológico. Esse fanatismo fez desaparecer a dúvida que é um fundamento crucial à construção de ideias e deu lugar a absurdas certezas, que é na verdade o fundamento principal do fanatismo ideológico. O negacionismo advindo desse ideologismo é a consequência do agravamento desse desastre na maneira de tratar a pandemia.

Manifestação em Copacabana lembra vítimas da pandemia. Ao fundo, apoiador do presidente

São 537 dias em que se assiste uma verdadeira pregação do absurdo como forma de manipular a população, com uma imitação clara do que acontece nos EEUU, Filipinas, Turquia e Hungria com seus governos projetados para chocar. A vida deixou de ser um bem maior para ser apenas uma peça nesse xadrez do horror.  

O Brasil precisa mudar seu rumo e isso é urgente. Nenhum país pode se inserir economicamente no mundo moderno, com um governo submerso em lama de escândalos e ideologias obscuras e sem nexo algum.

O Brasil e seu povo precisa voltar para sua normalidade e é imperativo que nos movimentemos para cobrar medidas certas, concretas e eficazes para a nossa nova normalidade pós-pandemia.

Seles Nafes
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