Por SELES NAFES
O pedido inusitado de aposentadoria da desembargadora Sueli Pini, atual vice-presidente do Tribunal de Justiça do Amapá (Tjap), pegou de surpresa o meio jurídico e vai abrir a terceira vaga para magistratura na alta corte do Estado.
Além dela, o desembargador Manoel Brito também já havia solicitado o benefício, e outra vaga continua aberta após a morte de Eduardo Contreiras, vítima de uma AVC em maio. No caso dele, o processo de escolha do substituto já começou, e será entre os juízes mais antigos seguindo o critério de merecimento.
O processo de Manoel Brito, que apresentou requerimento em dezembro do ano passado em função da idade (70 anos), também não foi concluído, e ainda não se sabe quando será.
Sueli Pini tem apenas 60 anos, jovem para o perfil de um magistrado que procura aposentadoria após chegar ao topo da carreira. Reconhecida com méritos pela postura diferenciada, ela surgiu numa safra de juízes que passou a sair dos gabinetes para conhecer as realidades antes de julgá-las.
Durante uma década, conduziu e deu visibilidade ao projeto “Justiça Itinerante”, que atendia moradores dessa região da Amazônia normalmente isolados da proteção da justiça.
Para se tornar a primeira mulher a ocupar o desembargo no Amapá, em 2012, precisou brigar judicialmente para assumir a vaga que era sua, por direito. Presidiu a corte entre 2015 e 2017, e foi corregedora nas eleições de 2016.
Prestes a completar três décadas de magistratura, a mãe de 10 filhos, sendo oito adotivos, decidiu antecipar a saída de cena.
Assim como outros magistrados, ela também responde a um procedimento disciplinar no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Só que, ao contrário dos colegas acusados de irregularidades processuais, Sueli Pini foi denunciada por ter dado uma opinião pública contra a paralisação da economia, episódio que gerou bastante polêmica logo nas primeiras semanas da pandemia da covid-19.
Procurada para comentar o pedido de aposentadoria, protocolado ontem (29), ela não quis falar sobre o assunto.