Vice indígena assume prefeitura de Oiapoque

Erlis Karipuas, de 48 anos, vai comandar o município durante o afastamento da prefeita Maria Orlanda
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Por SELES NAFES

Mais de 20 anos depois, o município de Oiapoque voltou a ser governado por um indígena, pelo menos por enquanto. O professor e vice-prefeito Erlis Karipunas (PSL), de 48 anos, assumiu a prefeitura na tarde desta quarta-feira (24), no lugar de Maria Orlanda (PSDB), afastada provisoriamente do cargo pelo Tribunal Regional Federal 1ª Região (TRF1). O afastamento tinha ocorrido pela manhã, quando ela voltou a ser alvo da Polícia Federal na 2ª fase da Operação Panaceia.

Apesar de ter assumido o comando do município na prática, uma solenidade na manhã desta quinta-feira (25) vai oficializá-lo no cargo. Até a noite desta quarta, ele ainda vinha mantendo a atual equipe da prefeita Maria Orlanda.

Erlis é morador da Aldeia do Manga. Antes dele, Oiapoque tinha sido administrado por um índio apenas uma vez, entre 1996 e 2000, com a eleição de João Neves (PSB).

Prefeitura afirma que transferência cobriram exclusivamente despesas oficiais. Foto: Divulgação/PF

Nota contraditória

A PF voltou a cumprir mandados no inquérito que apura desvio de medicamentos e insumos comprados com recursos públicos para combate à pandemia em Oiapoque.

A Polícia Federal divulgou que confirmou a versão da prefeitura de que o material apreendido na primeira fase (dia 14) tinha sido esquecido por uma equipe de pesquisa da Universidade de Pelotas (RS), mas ressaltou que os testes que ficaram estavam sendo desviados com ajuda de servidores da prefeitura, e usados apenas em pessoas que eram indicadas por autoridades.

Numa nota oficial à imprensa, a prefeitura mencionou a confirmação pela PF do esquecimento do material, mas criticou o posicionamento público da corporação.

“A referida nota da Polícia Federal é contraditória ao afirmar que parte dos testes foram desviados (sic) pela própria equipe local de pesquisa, em conjunto com servidores do município, mas que esclarece, que até o momento, não há evidências de que a pesquisa realizada esteja prejudicada por não observar seus critérios metodológicos”.

Prefeita Maria Orlanda não pode entrar em prédios municipais. Foto: Seles Nafes

Sem mencionar as três bolsas femininas compradas por quase R$ 5 mil com transferências bancárias, e apreendidas na operação, a prefeitura alegou apenas que as transferências foram feitas exclusivamente para cobrir despesas oficiais.

Abaixo, leia a nota na íntegra.

NOTA DE ESCLARECIMENTO

 Sobre a Operação deflagrada nesta manhã pela Polícia Federal, a Prefeitura de Oiapoque esclarece o seguinte: Que reitera os termos da nota de esclarecimento divulgada anteriormente, o que veio ser confirmada pela própria Policia Federal, conforme divulgado em seu site oficial:

“Logo após a primeira fase da operação (14/6), a Prefeitura do Município divulgou nota de esclarecimento afirmando que os testes e outros equipamentos aprendidos, posteriormente avaliados em mais de R$ 6 mil, pertenciam ao Centro de Pesquisa Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (Epicovid-19), que coordena estudo para medir a prevalência do coronavírus, com recursos do Ministério da Saúde (MS). A coordenação da pesquisa confirmou a versão divulgada em nota pela Prefeitura.” http://www.pf.gov.br/imprensa/noticias/2020/06-noticias-de-junho-de2020/pf-deflagra-segunda-fase-da-operacao-panaceia-no-oiapoque-ap

Que o afastamento da Prefeita foi determinado pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, como medida cautelar, sendo imediatamente cumprida.

A referida nota da Policia Federal é contraditória ao afirmar que parte dos testes foram desviados pela própria equipe local de pesquisa, em conjunto com servidores do município, mas que esclarece, que até o momento, não há evidências de que a pesquisa realizada esteja prejudicada por não observar seus critérios metodológicos.

Informamos que em nenhum momento a Prefeitura de Oiapoque interferiu na pesquisa realizada pelo Centro de Pesquisa Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (Epicovid-19), mas que prestou todo apoio necessário para sua realização, pois seus resultados seriam de suma importância, para identificarmos a prevalência do Covid-19 em nosso município, e assim podermos acompanhar a progressão da pandemia e direcionar políticas públicas, sendo este o seu objetivo.

Que os valores informados pela Policia Federal transferidos pela conta da Prefeitura, foram realizados única e exclusivamente para pagarem despesas da administração pública municipal.

A Prefeitura de Oiapoque e seus agentes públicos estão à disposição para prestarem todas e quaisquer informações e esclarecimentos a respeito da operação, prezando pelo princípio da transparência.

Assessoria de Comunicação Oiapoque 24 de Junho de 2020

Seles Nafes
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