Com diferenças de lado, lideranças negras se unem para salvar centro

Neste sábado (11), voluntários de religiões africanas se mobilizaram para limpar o centro e afirmam que não vão abandonar a UNA
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Quem está à frente do movimento de resgate e revitalização do Centro de Cultura Negra e da União dos Negros do Amapá (UNA), diz que é irreversível o processo iniciado para recuperação do espaço. No sábado (11), voluntários lavaram o espaço afro, no Bairro do Laguinho, região central de Macapá, e contaram com a participação de representantes de várias casas religiosas.

O que agora ganhou força, e já conta com dezenas de voluntários e apoio até da Prefeitura Municipal de Macapá, começou com a reportagem do Portal SelesNafes.Com mostrando a crítica situação de abandono do local.

O complexo foi construído pelo governo do Estado na década de 1990 para ser um santuário dos costumes afros. A gestão foi entregue à UNA, que nos anos seguintes dirigiu o local de forma desastrosa, e em meio a conflitos afundou a entidade em dívidas, condenando o centro de cultura à quase destruição. 

Planejamento dos próximos passos. Fotos: Marco Antônio P.Costa

Núbia de Souza é uma das voluntárias que está à frente do processo de resgate.

“As comunidades vieram para cá, comunidade de matriz africana, quilombola, marabaixeira e iremos realizar vários mutirões. O espaço afro-religioso, que é um espaço sagrado, começou a ser revitalizado pelo Pai Salvino e os representantes da casa dele, para reerguer esse espaço”, disse ela.

Poder público

Núbia explicou que a participação do poder público é fundamental. Relatou que a PMM estava ajudando na limpeza com o caminhão pipa e funcionários naquele momento, e ainda ajudará na roçagem. Já o Estado já tinha enviado técnicos da Caesa para ver a situação de água e esgoto do local.

Pai Salvo e Zé Paulo Ramos: não adianta intriga

Entretanto, ela afirmou que a revitalização irá ocorrer de uma forma ou de outra. E que eles estão decididos a passar a limpo os anos de abandono. Para isso, querem o apoio e participação de mais pessoas.

“A gente tá na primeira fase que é limpar o mato. A segunda campanha que a gente quer ver com vocês do Portal SelesNafes.Com, é a campanha da tinta. Doe tinta e também telhas (fibrocimento). A gente pede apoio da sociedade, estamos pedindo apoio dos terreiros que doem a tinta. Precisamos de 100 telhas, pode até ser usada. Nossa ideia é, em 40 dias, com a força do povo, a gente consiga estar com o espaço pintado e reorganizado”, contou Núbia.

União

Enquanto equipes faziam limpeza, outros faziam reuniões para decidir os próximos passos. Havia desde fundadores da UNA, como Zé Paulo Ramos e Naira Sena, desde voluntários mais jovens da nova geração que seguirá o movimento negro, como a Núbia.

Funcionários da prefeitura estão ajudando

PMM cedeu carro-pipa

Moradores de rua que ocupam o centro iniciaram a limpeza depois da reportagem

Centro completamente destruído e abandonado

Fotos da primeira reportagem

A sede tomada pelo mato

Veja o que dizem as lideranças

“Não adianta a intriga, não adianta nada que já destruiu a UNA. Vamos passar a limpo a entidade da fundação até o ano de 2020. Vamos mostrar para a sociedade amapaense que iremos resgatar este lugar. Vai haver uma renovação muito grande, do espaço e do movimento”, declarou Zé Paulo Ramos.

“Eu acredito que temos que dar valor às nossas raízes, nossa negritude. Isso que é importante para a gente se fortalecer cada vez mais e trabalhar em cima do objetivo que representa nosso Brasil e nossa Macapá. Por isso, estou com todo esse pessoal aqui reunido, pra gente levantar a UMA que estava um lixeiro”, exclamou, confiante, Pai Salvino.

“Nós temos força para isso, não só nós como todas as comunidades. Vamos chamar todas as comunidades para estarem junto conosco aqui dentro da UNA”, finalizou Naira Sena.

Para contribuir, se cadastrando para ajudar na limpeza ou para doar tintas, madeira para as janelas, telhas ou outras doações, a comissão de revitalização da UNA avisa que estará todos os dias no local, à partir das 9 da manhã, recebendo doações.

Também é possível entrar em contato com a Núbia Souza através do telefone (61) 99630-0834.

Seles Nafes
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