Com greve marcada para semana que vem, Correios fala sobre acordo

Empresa emitiu comunicado afirmando que tem sido difícil dialogar com sindicatos, e que busca reequilíbrio diante de uma nova realidade
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A empresa de Correios divulgou nesta sexta-feira (31) que apresentou proposta de acordo coletivo com seus funcionários, na tentativa de manter empregos e resguardar a viabilidade financeira da estatal. No entanto, a direção estaria encontrando dificuldade para dialogar com os sindicatos, que decidiram deflagrar greve a partir do próximo dia 4.

Um dos pontos abordados no acordo, diz a empresa, é o ajuste de benefícios previstos na CLT e outras legislações. Sem mencionar no comunicado quais benefícios serão “ajustados”, os Correios dizem que empresa enfrenta um “cenário de dificuldades que tem se agravado a cada ano” e que é preciso se adequar ao mercado e ao que está previsto na legislação.

Além disso, a empresa afirma que o governo vem recomendando há anos que os Correios busquem reequilíbrio financeiro e promovam “a redução das concessões que extrapolam a legislação e oneram suas finanças – no sentido de adequar as relações trabalhistas das empresas públicas à CLT”.

A empresa alega que a pandemia fez surgir desafios operacionais, além de mudanças na característica de sua receita.

“Isso porque uma tendência que deveria acontecer daqui a alguns anos foi acelerada, ocasionando a queda brusca nas postagens de cartas e um forte impacto na fonte de receita dos Correios”.

A empresa diz que proposta de acordo visa reduzir os efeitos negativos da crise. Contudo, existe dificuldade no diálogo com entidades representativas dos servidores.

“A recusa das entidades em compreender a situação da empresa, no entanto, provocou reações impróprias. Em resposta à proposta apresentada pelos Correios, representantes sindicais iniciaram a veiculação de diversas comunicações inverídicas, provocando confusão nos empregados acerca dos termos da proposta”, diz a empresa.

Os funcionários anunciaram que entrarão em greve a partir do dia 4 de agosto.

Leia na íntegra os pontos esclarecidos pela empresa.

  • não procede a afirmação de que a empresa propõe modificar os termos do plano de saúde dos empregados. Tal como descrito na proposta apresentada às entidades representativas, trata-se de mera adequação do texto referente às obrigações dos Correios para com a manutenção do benefício mencionado, que seguirá operando nos termos em vigor. Trata-se, portanto, de tentativa de confundir a opinião pública quanto ao tema;

 

  • a empresa não pretende suprimir direitos dos empregados, ao contrário do que tem sido afirmado, uma vez que esses são garantidos por lei. A proposta dos Correios objetiva ajustar o rol de benefícios concedidos à categoria em anos anteriores. Dessa forma, por tratar-se de concessões negociadas, a repactuação ou exclusão destas não configura perda de prerrogativas legais.

Diante do exposto, observa-se a tentativa de promover confusão entre direitos e benefícios, recurso já utilizado pelas entidades representativas em ocasiões anteriores.

Vale ressaltar que os Correios, como boa parte das empresas brasileiras, precisa se adequar à nova realidade e aos desafios trazidos pela crise sanitária. Neste momento, em que milhões de pessoas encontram-se desempregadas e companhias têm encerrado suas atividades, a estatal deve prezar por sua sustentabilidade enquanto empresa pública dos brasileiros, buscando adequar-se ao que é praticado no mercado. Portanto, a proposta de acordo apresentada almeja suspender benefícios incompatíveis com a situação econômica da instituição e do país.

Agência em Pedra Branca do Amapari. Foto: Arquivo/SN

Para entender o intuito da empresa ao apresentar a proposta em questão, pode-se analisar a recomendação de ajuste referente ao ticket refeição: nos termos vigentes, sua concessão extrapola a jornada laboral, alcançando o recesso semanal e as férias dos empregados. O que a empresa propõe é a redução do benefício de forma a contemplar apenas os dias efetivamente trabalhados. A proposição mencionada, caso prospere, representará para a empresa uma economia da ordem de R$ 20 milhões mensais.

Pode-se também exemplificar com a adequação da remuneração de férias, atualmente em 2/3 de adicional ao salário, quando a CLT garante ao trabalhador 1/3 de incentivo no período de descanso.

A economia prevista com o ajuste dos benefícios hoje concedidos fora do que está estipulado na CLT será de mais de R$ 600 milhões ao ano. Assim como os demais pontos constantes na proposta da empresa, ações como as citadas compõem o rol de medidas da Administração dos Correios em prol da sustentabilidade da estatal.

Quanto à possível deflagração de greve comunicada por uma das entidades representativas dos empregados, a empresa ressalta que já possui um plano de contingência formulado para garantir a continuidade de suas atividades, sobretudo nesse momento em que os serviços da empresa são ainda mais essenciais para pessoas físicas e jurídicas.

A empresa reafirma que é dever de todos, empregados e dirigentes, prezar pela manutenção das finanças dos Correios e, consequentemente, dos empregos dos trabalhadores. Portanto, a instituição, certa do compromisso e da responsabilidade de seus empregados com a população e o país, espera que a adesão a uma possível paralisação, se houver, seja ínfima e incapaz de prejudicar o serviço postal e os brasileiros.

Seles Nafes
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