Última atualização 11h10min
Por SELES NAFES
O empresário Irineu Júnior, dono da Produtora Perfil, foi um dos alvos da “Operação Calote”, deflagrada pela Polícia Federal nesta terça-feira (14), em Macapá. Além dele, os policiais também cumpriram mandados de busca no escritório da advogada Gláucia Oliveira, esposa do ex-prefeito da capital, Roberto Góes (DEM). Procurados pelo Portal SelesNafes.Com, ambos se posicionaram.
Sem dar muitos detalhes, a PF divulgou apenas que investiga irregularidades na prestação de contas de um ex-candidato a prefeito de Macapá nas eleições de 2012. Os mandados foram expedidos pelo juiz eleitoral da 10º zona, Carlos Canezin.
O Portal SN apurou que a prestação de contas foi aprovada pela justiça eleitoral, só que mais de oito anos depois, um dos fornecedores da campanha decidiu denunciar que houve fraude no relatório entregue. Naquele ano, Roberto Góes era do PDT e foi derrotado nas urnas pelo atual prefeito, Clécio Luís (Rede).
Irineu Júnior afirma que procurou a Polícia Federal há quase 9 anos, e não há cerca de três semanas como foi informado inicialmente. Segundo fontes, ele relatou na época que, apesar de ter recebido R$ 600 mil (hoje o equivalente a mais de R$ 1 milhão), na verdade o valor acertado com o PDT era muito maior. A PF instaurou inquérito para investigar os crimes de falsidade ideológica e corrupção eleitoral.
Irineu Júnior, dono da Perfil: Fui surpreendido. Foto: Reprodução
Mas o que o empresário não esperava é que, depois de ter feito a denúncia, ele próprio viraria alvo da investigação. A casa e a produtora dele foram alvos de busca e apreensão na operação conduzida por 20 policiais federais.
“Fui de livre e espontânea vontade, mostrando documentos palpáveis e fui surpreendido na minha casa com uma operação dessa, desnecessária. Meus filhos estavam na casa. A palavra é indignação. Demonstrei e virei réu. Sou estudante de Direito do 7º semestre, mas nem sei se quero continuar”, disse o empresário, que não quis comentar sobre a denúncia que fez à PF.
“Nesses 9 anos chegavam as citações aqui e eu compareci sempre que fui chamado para prestar esclarecimentos. Essa denúncia não foi de agora. É a lentidão da justiça em procurar a veracidade dos fatos. É um desestímulo à sociedade de bem fazer qualquer denúncia envolvendo políticos”, acrescentou ele, depois que a primeira versão da reportagem foi ao ar.
Policiais em frente à residência do ex-prefeito Roberto Góes. Foto: PF/Divulgação
Cadê a prova?
A advogada Gláucia Oliveira foi alvo de dois mandados, um no escritório dela e outro na casa onde mora com Roberto Góes, na zona oeste de Macapá.
“Não sabemos sobre esse valor que ele (Irineu) diz que foi acertado. Eu não acertei nada com ele, e nem o Roberto. Era o partido que administrava as contas da campanha”, frisou. A PF cumpriu mandado também na casa do ex-tesoureiro do PDT municipal, J. Carlos. O Portal SN tenta contato com ele.
Gláucia Oliveira disse que procurou saber o motivo da investigação, e foi informada por um delegado que cumpria os mandados que se tratava de uma denúncia feita pelo empresário.
Advogada Gláucia Oliveira: não tenho nada a ver com isso
“Eu não tenho prestação de contas de uma campanha que tem mais de oito anos. Documentos a gente guarda no máximo por cinco anos. Só levaram os nossos celulares (…) O delegado me disse eu teria oferecido para o empresário duas assessorias no valor de R$ 12 mil (cada). Como vou prometer assessoria se não tinha prerrogativa para isso? Cadê a prova que eu prometi alguma coisa? O que eu tenho a ver com isso para chegarem na minha casa derrubando tudo?”, questionou.
Gláucia Oliveira informou que vai continuar buscando informações sobre o inquérito.
O Portal SelesNafes.Com pediu um posicionamento da assessoria de comunicação da Polícia Federal sobre as declarações, mas ainda não obteve retorno.