Por SELES NAFES
Depois de ser condenado em 2018 e estar respondendo a cinco inquéritos policiais só numa delegacia, o cabeleireiro Benivan Araújo, de 38 anos, voltou a ser acusado do mesmo crime. Ele foi novamente detido, e agora ficou mais difícil deixar a prisão. A defesa já teve dois pedidos de habeas corpus indeferidos em duas instâncias, em apenas uma semana.
O primeiro a dizer não foi o juiz Décio Rufino, da 3ª Vara Criminal de Macapá, no dia 3 de julho. Seguindo um padrão comum de defesa nesses tempos de pandemia, além de afirmar que o réu possui residência e ocupação fixas, e que ele cursa uma faculdade privada, Benivan estaria sujeito à contaminação pelo novo coronavírus na prisão.
“Contudo, a pandemia, provocada pela disseminação do vírus covid-19 não justifica uma pandemia de criminalidade. Em liberdade, o requerente coloca em risco a ordem pública, agravando, com efeito, o quadro de instabilidade que há no país”, respondeu o juiz.
O magistrado destacou ainda que o comprovante de frequência de Benivan no curso de Direito foi expedido em meados de 2017.
A defesa recorreu ao Tribunal de Justiça do Amapá (Tjap). No último dia 10, o desembargador Carlos Tork, ao analisar o pedido de revogação da decisão acima, acrescentou que:
“(…) Pela garantia da ordem pública, vê-se a necessidade do recolhimento dos indiciados (ele e um cúmplice), uma vez que a liberdade destes coloca em risco a paz e segurança social, considerando o modus operandi do delito e o fato dos representantes serem contumazes nesta conduta”.
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Carlos Tork: contumazes. Foto: Seles Nafes/Arquivo SN
O desembargador se referiu ao currículo criminoso de Benivan. Em 2017, ele chegou a ser preso acusado de pelo menos 10 furtos com uso do famoso “Chapolin”, aparelho que bloqueia o sinal de travamento das portas e alarmes dos carros.
Na época da prisão, o carro em que ele estava foi interceptado por policiais que seguiam seus movimentos após mais um crime. Dentro do veículo, foram encontrados muitos objetos de furtos e encheram a mesa da delegacia de polícia. Benivan foi acusado também de ter furtado armas de carros que pertenciam a agentes de segurança. Ele foi condenado num dos processos, mas os outros ainda não foram julgados.
O crime que fez o delegado Leandro Leite, da 6ª DP de Macapá, solicitar a prisão preventiva de Benivan e Thiago Amaral dos Reis, foi um furto ocorrido no mesmo padrão dos anteriores.
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Porta do carro interceptado por policiais em 2017
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Objetos furtados lotaram mesa de delegacia
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Dispositivo conhecido como “chapolin”. Foto: Divulgação/PC-AP
Segundo consta nos autos do processo, às 16h, do dia 25 de outubro do ano passado, uma nova vítima estacionou o carro na Avenida Padre Júlio Maria Lombaerd, no Centro, e acionou as travas e alarme do veículo. Ao retornar, viu que as portas estavam abertas e objetos de valor não estavam mais no interior do veículo. Também haviam desaparecido R$ 1.150 em dinheiro.
Com a ajuda de câmeras de segurança, a Polícia Civil identificou Benivan e Thiago.
Ao tentar a liberdade mais uma vez, Benivan nem conseguiu provar que de fato é cabeleireiro e acadêmico de Direito. Desta vez, com duas negativas da justiça para responder a processos em liberdade, a coisa se complicou para o homem do Chapolin.
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Segundo a polícia, nesse momento Benivan aciona o Chapolin…
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…Comparsa abre o carro….
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…e em seguida vai embora com os pertencentes da vítima