Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA,
Gabriela Campelo, a artista de rua Campis, lançou uma campanha na internet para reformar a casa em que a mãe mora despois que ela, Lenira Silva de Souza, a “Dona Nega”, caiu entre as tábuas podres do seu velho e torto barraco.
O casebre fica localizado em uma área de pontes da Avenida 13 de setembro, no Bairro Buritizal, zona sul da capital.
O susto já tem algumas semanas e as feridas cicatrizaram, mas a situação de precariedade e os riscos ainda continuam. Há, ainda, o agravante de que Dona Nega, aos 56 anos, está com catarata e a visão comprometida, assim como sua audição e, portanto, também a mobilidade.
O local da sua cama foi “remendado” por baixo, e ela fez uma espécie de tablado para aguentar o próprio peso e para ganhar altura – pois na época das chuvas basta que ela coloque os braços para fora que é possível alcançar a água.
Cobras nunca viram dentro de casa, mas a área já teve poraquê. Até uma lontra já apareceu. Na casa moram, além de Dona Nega, três filhas, uma sobrinha e um sobrinho. Ninguém tem emprego fixo e parte da renda que era garantida com as costuras que Nega fazia, ficou para trás, por conta do problema com a visão.
Foi aí que a filha, que mora em outro endereço com o esposo, teve a ideia de apelar para a ajuda dos amigos e pessoas que conhecem seu trabalho com o grafite.
A meta da campanha é humilde: quer angariar apenas R$ 8 mil para uma reforma, dos quais 53% já foram coletados.
“A mamãe mora aqui há onze anos e a condição está muito ruim. Ela cai, e ela tem problema de vista, não tem um banheiro digno, a área atrás onde ela descansa é pau sobre pau, telhas no chão, resto de obra, MDF, no quarto tem até uma porta”, contou Campis.
A humildade da família também se reflete no pedido em que fazem. O calor dentro da casa, com teto baixo e sem forro, é muito grande. Certamente o barraco precisa de uma reforma muito mais incisiva do que o valor pretendido pode pagar, ainda assim, Dona Nega consegue manter o bom humor.
“Ali já tá parece um carro com pneu furado. A porta, já nem fica mais no nível, tem que escorar, porque vai pra lá, tá arriando pra lá. Lá [no quarto e na área] tem uma parte baixa, uma parte alta, e eu que já remendei com uma madeira velha que tinha aí. Eu caí onde eu durmo, varou uma perna, ficou uma perna no seco e outra pra dentro do lago, eu pensei até que tinha quebrado [algum osso da perna]”, contou Dona Nega.
A coleta acontece de forma virtual através da plataforma vakinha.com e para doar basta você acessar o link vaka.me/1162266.