Capi fala em legado e diz estar mais empolgado com a campanha de prefeito

Aos 73 anos, o ex-governador e ex-senador diz que quer fechar um ciclo implantando a gestão compartilhada
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Por SELES NAFES

Aos 73 anos, o homem que já ocupou os principais cargos eletivos do Amapá quer fechar o ciclo voltando à prefeitura de Macapá, onde tudo começou, em 1988. João Capiberibe (PSB) será lançado nesta terça-feira (11) como pré-candidato a prefeito da capital, num evento que será transmitido pelas redes sociais, a partir das 19h.

Numa entrevista ao Portal SelesNafes.Com, na segunda-feira (10), Capi falou sobre como pretende estimular a economia em Macapá, desde os pequenos negócios de bairros e comunidades ribeirinhas à agricultura e beneficiamento de grãos em larga escala. Não perdeu oportunidade de elogiar a Lei da Transparência e de pregar sobre gestão compartilhada, seu carro-chefe desde a campanha de 2018, quando concorreu ao governo do Estado.

Ele revelou estar mais empolgado com a campanha de prefeito, que a de governador. 

A pandemia fortaleceu as ferramentas de comunicação pela internet. Como o senhor pretende usar isso num eventual governo municipal?

Sempre trabalhei usando comunicação. Quando eu fui prefeito eu coloquei um painel na frente da prefeitura com as despesas e a receita. Iniciamos a informatização da prefeitura. Deixei o cadastro técnico informatizado e meio caminho andado para a informação do sistema orçamentário e financeiro. No governo do Estado, organizei o banco de dados e coloquei internet em barco para as regiões ribeirinhas (Projeto Navegar), mas a sociedade avançou mais rápido que as estruturas de governo. O que vamos fazer é inovar a gestão na prefeitura, informatizando todos os serviços.

1990: Capiberibe chega à metade do mandato de prefeito de Macapá

Capiberibe como governador em 1995. Foto: Daniel Andrade

Mas isso já não acontece?

Veja. Eu mesmo tive uma dor de cabeça. Passei 10 meses para conseguir uma certidão de tempo de serviço dos meus quatro anos de serviço na prefeitura. Só resolvi ligando para o Clécio. Eu precisava receber a minha aposentadoria. Não sei o que ele fez. Três dias depois estava lá a minha certidão.

Como fazer para que a prefeitura seja um fomentador da economia?

A Janete (esposa e ex-deputada federal) colocou uma emenda para construir o centro profissionalizante dos Congós e eu coloquei uma para um centro tecnológico para formar jovens das comunidades que podem aprender a trabalhar com segurança eletrônica, por exemplo. Tem muita coisa para o jovem ganhar dinheiro de forma imediata. Mas a prefeitura não consegue executar algumas emendas, como do laboratório de saúde pública, assistência farmacêutica, casa das parteiras…Não entendi porque ele (Clécio) não conseguiu executar isso…

Houve diálogo com ele antes de indicar essas emendas?

Sim. O laboratório e a central de distribuição de medicamentos são necessidade na estrutura da prefeitura.

Mas qual seria a política macro para estimular a economia?

Retomar imediatamente o diálogo com o pessoal da soja. Tem muito cultivo de grãos próximo de Macapá. É esmagar o grão, produzir óleo e ração animal. Enquanto não produzirmos ração continuaremos importando frangos, ovos.

Ainda como governador. Na outra ponta, Rubem Bemerguy comandava a PGE. Foto: Acervo JD

E como a prefeitura contribuiria com esse setor?

A prefeitura tem uma Secretaria de Meio Ambiente que poderia se unir à Secretaria de Meio Ambiente do Estado para tratar da questão fundiária. A prefeitura tem condições de criar políticas para favorecer a produção, agricultura industrial e agricultura familiar. Nos bairros existe muita produção de detergente, doces, muita coisa sendo feita. No pós-pandemia, será necessária a solidariedade entre a prefeitura e esses grupos. A ideia é estimular esses negócios. O açaí, por exemplo, deu um impulso na comunidade ribeirinha, então podemos incentivar o ecoturismo para que essas comunidades levem as pessoas da cidade e os turistas para ver como vivem, a fauna….

De onde sairia o recurso para tudo isso?

Nós criamos o Banco de Fomento (Afap), que ainda é um instrumento muito bom. Quero criar um banco social, que vai financiar esses pequenos negócios a partir da análise de projetos, onde o banco não vai apenas entrar com o dinheiro, mas será o sócio ajudando na gestão. Depois de quitar o empréstimo, a pessoa fica com o negócio só para ela. Outra alternativa são as cooperativas de bairros…

Com Camilo em 2018: partido tem hoje 25 novas lideranças com potencial eleitoral e perfil técnico/político, diz Capi

Depois de tantos anos de experiência, quem é o Capiberibe de hoje?

Eu estava pensando nisso hoje de manhã. Comecei como secretário de Agricultura e tem projeto vivo até hoje, como é o caso da Feira do Agricultor. A prefeitura foi um grande aprendizado. Quando eu saí da prefeitura, estava com 80% de aprovação, tanto que pude transferir a prefeitura para o Papaléo (eleito em 1992) na Praça da Bandeira com a presença do povo…

Se tivesse reeleição naquela época você teria tentado?

Não sei. Eu estava cansado. Foram 4 anos dormindo tarde e acordando cedo. Naquela época nem se falava em reeleição.

Quem são os nomes do PSB hoje que representam a nova cara do partido?

Temos uma base muito grande. Temos hoje uns 25 nomes, jovens de no máximo 50 anos com forte perfil técnico e político. Hoje, temos uma combinação muito interessante, fruto de muito investimento em cursos de formação. Essa eleição já será um reflexo disso.

Por que disputar a prefeitura?

Eu teria uma enorme satisfação de deixar meu legado na prefeitura. Não tenho razão pessoal, financeira e nem vaidade, já tenho mais de 70 anos. Quero concluir implementando a gestão compartilhada na prefeitura, que é mais próxima do cidadão, assim como fiz criando a Lei da Transparência, que agora na pandemia está sendo muito importante. A gestão compartilhada deu certo nas obras do Morada das Palmeiras, Conjunto da Embrapa e nesse ponto reconheço que o Clécio foi muito aberto colocando pessoas da prefeitura nos grupos de gestão compartilhada. Deu certo. Sobrou até dinheiro. As pessoas podem acompanhar pelos grupos desde a licitação à entrega do produto. Por isso, essa campanha me entusiasma mais do que a campanha para o governo. Meu candidato era o Randolfe (em 2018), mas ele não aceitou.

Senador por duas vezes. Foto: Acervo pessoal

Sobre aliança. Como vai a conversa com a Rede?

Pra mim está consolidado e as conversas bem adiantadas. Iremos fazer a aliança com a Rede e o MDB.  

Mas quando você disse que o perfil do vice seria uma mulher jovem você descartou o Rubem (Rede), não foi?

A decisão caberá aos partidos da aliança

Mas na Rede estão trabalhando o nome do Rubem…

O Rubem disse que está aberto e joga em qualquer posição. Vamos primeiro estabelecer a aliança e depois discutir a vice.

 

Seles Nafes
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