Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Cobrando reajuste salarial e, principalmente, protestando contra a retirada de cláusulas sociais do acordo coletivo, trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) cruzaram os braços nesta terça-feira (18). No Amapá, no primeiro dia de movimento os serviços não foram afetados.
A reportagem do Portal SelesNafes.Com esteve na agência central, na avenida Coriolano Jucá, no centro de Macapá, e conferiu um movimento fraco de clientes, com três guichês funcionando, sem filas.
O sindicato dos Trabalhadores da Empresa de Correios e Telégrafos no Amapá (Sintect-AP), avalia que cerca de 20% de um total aproximado de 240 funcionários da empresa no Amapá aderiram ao movimento.
O presidente do Sintect, Edersson Paraguassu, explicou os motivos da greve e como foi o primeiro dia da paralisação.
“De 79 cláusulas sociais existentes no acordo coletivo da categoria, a empresa reduziu 70 itens, e as nove restantes também fizeram alteração. Por exemplo, no plano de saúde e no vale alimentação, eles colocaram uma pegadinha, dizendo que os Correios ‘poderão’, ou seja, não serão obrigados, a manter os benefícios”, declarou Paraguassu.
A média salarial dos trabalhadores é de R$ 1,7 mil e há dois anos a proposta da empresa é de reajuste zero, tendo essa categoria a folha salarial mais defasada entre as estatais. Além disso, o sindicato coloca a defesa da história e da própria empresa, que sofre ameaças de privatização.
Paraguassu explicou que, na opinião do movimento, esperar que uma privatização possa melhorar os serviços é “uma ilusão”. Admitindo que há falhas, ele afirma que elas existem justamente por uma lógica de “sucatear para privatizar”, ou seja, tenta-se desmontar a história da empresa, para justificar sua venda perante à opinião pública.
A greve é nacional e unificou as federações de trabalhadores e os 33 sindicatos da categoria espalhados no país.
“O serviço dos correios só é mantido hoje nos 5570 municípios do país, por estar na Constituição que é um dever do Estado, por ser uma empresa estatal. O setor privado visa o lucro. O Amapá e outros estados, não geram lucro para a empresa, eles não se sustentam. O Amapá se mantém, por exemplo, através do subsídio cruzado, ou seja, os grandes estados que mantém os serviços daqui. Se for uma empresa privada, acredite, vai acabar essa função social com que os Correios chegam até nos menores municípios”.
A greve ocorre por tempo indeterminado e o Sintect irá seguir em frente às agências dos correios dialogando com os trabalhadores para uma maior adesão e convencimento.