Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
A literatura amapaense viveu nesta sexta-feira (14) um dia histórico. Obras literárias foram lançadas e reeditadas através do movimento conhecido como “Os modernistas do Amapá”, da década de 1960, e também de autores de momentos posteriores, como o poeta Manoel Bispo. O evento, de pré-lançamento, ocorreu no Mercado Central de Macapá.
A iniciativa é da Prefeitura Municipal de Macapá (PMM), no projeto “Letras de Ápacam”, desenvolvido e idealizado pelo poeta Joãozinho Gomes e pelo sociólogo João Milhomen. Nesta edição, foram lançados títulos como “Seiva da energia radiante”, de Isnard Lima; “Autogeografia” e “Ave-Ternura”, de Alcy Araújo, ambos in memoriam.
Manoel Bispo e Marina Beckman durante o pré-lançamento. Fotos: Marco Antônio P. Costa/SN
Estes autores, junto com Álvaro da Cunha e outros, são símbolo, marca e personagens marcantes da Macapá da segunda metade do século XX, com poesias e crônicas sobre amores e também sobre o cotidiano da cidade que antecedeu a que temos hoje em dia.
Manoel Bispo, que tem a alegria de ver suas quatro obras reunidas em um único livro sendo lançadas, falou da emoção de ter essa oportunidade e do que espera do contato do público com seus escritos.
“Falo do social, sobre a vida amorosa, desilusões, sonhos, tudo serve pra mim como inspiração. Eu gostaria que o leitor ficasse surpreso, que não se decepcionasse com aquilo que eu coloquei na minha poesia, esse é o principal objetivo: surpresa, espanto e encantamento”, declarou o poeta de 75 anos.
Livros serão doados para instituições
Os livros, como têm financiamento público, não serão comercializados e sim doados a escolas públicas do município, do estado, bibliotecas amapaenses e de todo o país, até de outros países de língua portuguesa.
Um dos organizadores do projeto, Joãozinho Gomes, explicou que foi feita uma tiragem de 1 mil exemplares de cada obra, editada pela Única, de Belém (PA), e que estes três primeiros autores lançados hoje terão a complementação de mais dois ainda este ano.
Manoel Bispo: “Eu gostaria que o leitor ficasse surpreso”
Também poeta, Joãozinho falou sobre a importância destes autores para a literatura amapaense.
“Extremamente contemporâneos, muito modernos e naquela época eles criaram um movimento que foi uma verdadeira revolução na poesia daqui do Amapá. Eles, de fato, são os caras que revolucionaram a poesia e criaram o movimento ‘modernos poetas do Amapá’, que é transfronteiriço, tendo contato com poetas do Pará e poetas do Brasil inteiro e da geração deles. Alcy, Isnard e Ivo Torres. A minha alegria de estar participando desse momento, é única”, declarou Joãozinho Gomes.
Emocionado, o prefeito de Macapá, Clécio Luís, falou da importância do momento.
“Isso aqui pra mim é maravilhoso, é de verdade. Os livros chegaram agora e, essas obras, poder reeditar e editar novas, como o Ave-Ternura do Alcy Araújo, do Isnard, que andou tanto por essas esquinas de Macapá, e um vivo, que é o poeta Manoel Bispo, é uma satisfação imensa. A ideia sempre foi essa, produzir esse material com uma qualidade à altura da obra. A gente espera que isso chame a atenção da juventude, que estimule. ‘Ápacam’ é Macapá ao contrário, no sentido de revisitar, de dar valor”, explicou Clécio.